Adérito Esteves
Miguel Neiva anda por todo o mundo a “dar cor” ao mundo de quem é daltónico. Na semana passada esteve em Aveiro para uma palestra que decorreu na Escola Secundária José Estêvão, e onde sensibilizou alunos de várias idades para uma doença que afecta 10 por cento da população masculina mundial e 0,5 por cento de mulheres. Antes disso, porém, falou com o Diário de Aveiro sobre o projecto que já chegou a todo o mundo e que continua a crescer.
Diário de Aveiro: Nos últimos anos têm andado um pouco por todo o mundo a apresentar o Color Add. Qual a importância de estar aqui, a dar esta palestra para um público mais jovem?
Miguel Neiva: Este projecto só faz sentido se for para o mundo todo. A importância de chegar ao público jovem é óbvia: são as crianças que vão tornar o mundo melhor. Este contacto com as escolas pretende reforçar o processo de globalização do projecto. Já existem escolas onde ele já é ensinado, e queremos que chegue ao máximo de gente.
E consegue motivar quem não sofre de Daltonismo para o ouvir?
O processo que eu percorri fala de Marketing, de impacto social, de inclusão, de acessibilidades ou de negócio social – porque se conseguirmos pôr a economia a desenvolver-se com um projecto de acessibilidade e de inclusão as dinâmicas são muito maiores. O que eu fiz foi criar uns óculos que fazem a simulação da visão do daltónico. As pessoas pensam que ser daltónico é trocar as cores, mas não. Ser daltónico é confundir as cores. E sempre que a cor é um factor de acessibilidade, quem usa aqueles óculos sente-se confuso, e consegue entender o que é o constrangimento ter de seguir a linha amarela no metro, ou ter de vestir a camisola vermelha, e não saber qual é, tendo de pedir ajuda a terceiros. Num mundo cada vez mais global e mais individual, as pessoas preferem não ter essa dependência.
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