"O dia 27 de Outubro de 1949 é um marco na história de Portugal que recebia pela primeira vez a mais prestigiante distinção internacional. O mérito foi de Egas Moniz (1874-1955), galardoado com o Prémio Nobel da Medicina e Fisiologia, único no país". Assinala-se esta segunda-feira o 65.º aniversário da atribuição do Prémio Nobel da Medicina e Fisiologia ao cientista nascido em Avanca. Egas Moniz "é indiscutivelmente um dos nomes da medicina mundial e uma figura multifacetada". António Caetano de Abreu Freire Egas Moniz (Avanca, 29 de Novembro de 1874 — Lisboa, 13 de Dezembro de 1955) foi médico, neurologista, cientista, professor, político, escritor, ensaísta e industrial. O médico português é, ainda hoje, considerado o precursor das modernas técnicas da imagiologia cerebral e da psicocirurgia, ao conceber a angiologia cerebral e a leucotomia pré-frontal. Foi a descoberta da leucotomia que lhe valeu o reconhecimento mundial. Os prémios Nobel são atribuídos àqueles que tenham prestado um valioso contributo à humanidade e consistem numa medalha de ouro, num diploma e numa quantia em dinheiro. O primeiro português a receber um Prémio Nobel permanece ainda como o único Nobel português atribuído no domínio da Ciência. Por motivos de saúde Egas Moniz não se deslocou à Suécia para receber o galardão, tendo a cerimónia decorrido, excepcionalmente, na sua casa de Lisboa, cidade onde morreu a 13 de Dezembro de 1955. Em 1927, ao fim de dois anos de estudo e experiências, Egas Moniz criou o método da angiografia cerebral, que permitia a visualização das artérias do cérebro. Esta técnica revelou-se valiosa para o diagnóstico de doenças no interior do crânio e foi reconhecida com o Prémio de Oslo, em 3 de Setembro de 1945. Em 1935 desenvolveu a leucotomia pré-frontal, uma operação cirúrgica radical de corte da substância branca dos hemisférios cerebrais, com vista a tratar doenças mentais como a esquizofrenia e certas psicoses. Esta foi a técnica pioneira da psicocirurgia, isto é, do tratamento de problemas psiquiátricos graves através da manipulação orgânica do cérebro. Na época, não havia outras formas de tratamento e aliviamento dos sintomas das esquizofrenias severas. Esta técnica foi usada abusivamente nos anos 40 e 50. |