No passado sábado, na Ribeira do Gago, na Freguesia do Bunheiro, teve lugar a cerimónia de inauguração das obras de requalificação marginal, entre a Ribeira do Mancão e a Ribeira do Gago, recentemente concluídas. O evento contou com a presença, entre outras individualidades, do Secretário de Estado do Ambiente, Paulo Lemos, da Presidente da Sociedade Polis Litoral Ria de Aveiro, Celina Carvalho, do Presidente da Comunidade Intermunicipal de Aveiro, Ribau Esteves e do Presidente da Câmara Municipal da Murtosa, Joaquim Baptista. Partindo da Ribeira do Mancão, após ter sido descerrada uma placa evocativa da requalificação, a comitiva percorreu o percurso marginal até à Ribeira do Gago, de bicicleta, permitindo assim uma tomada de contacto com as características principais da intervenção, (a defesa e valorização da área marginal à Ria e o estabelecimento de uma eco-via, ciclável e pedonal, ao logo da sua extensão, potenciando a visitação de um espaço de grande riqueza paisagística e ambiental). Já na Ribeira do Gago, depois do descerramento da placa alusiva à requalificação, perante várias dezenas de pessoas que se quiseram associar ao ato, teve lugar a assinatura do protocolo de entrega da gestão da obra ao Município da Murtosa, por parte da Polis Litoral, que a executou. Usando da palavra, Celina Carvalho congratulou-se pela inauguração de mais uma obra concretizada na Murtosa pela Sociedade Polis, realçando a importância das intervenções levadas a cabo e afirmando a sua convicção de que os Murtoseiros e os utilizadores da obra "saberão zelar pelo seu bom uso e conservação". De seguida, foi a vez do Presidente da CIRA, Ribau Esteves fazer um curta intervenção, para "reafirmar" o compromisso da Região de Aveiro "no que concerne à protecção das áreas lagunares". O Presidente da Câmara da Murtosa dirigiu-se aos presentes, manifestando a sua satisfação por, uma vez mais, ter a presença na Murtosa do Secretário de Estado do Ambiente, naquilo que considerou ser "um sinal claro da atenção que as questões associadas à Ria de Aveiro tem merecido por parte da Administração Central". Lembrou que, em termos de reabilitação das áreas lagunares "existe já trabalho executado mas muito resta, ainda, por fazer", pelo que considerou ser de "absoluta prioridade dar sequência aos investimentos já executados, por via do desenvolvimento de um programa de continuidade que poderá ser designado por POLIS 2”. Referindo-se à necessidade de se restituírem aos canais da Ria as condições de navegabilidade, chamou à atenção para o facto de, "obras da natureza das realizadas não serem suficientes, na medida em que quando se concluem já se revelam desadequadas para responder as alterações que vão sendo introduzidas no ecossistema Ria, advogando uma solução mais ambiciosa, que terá de passar pelo controlo de caudais a montante e a jusante da área Portuária". Afirmando reconhecer a "inegável importância, do ponto de vista económico e estratégico", que o Porto de Aveiro assume para a Região, o Presidente da Câmara lembrou que "urge ter em conta a influência que as sucessivas intervenções na área portuária têm tido no ecossistema ria, nomeadamente no aumento da amplitude das marés e na velocidade das correntes com a consequente aceleração do processo erosivo. As acções no perímetro do Porto de Aveiro, sem terem em conta as consequências a montante são desastrosas para toda a Região, em particular para os territórios que se localizam nas cabeceiras dos principais canais". Lembrou o facto de "estarmos perante um ecossistema artificial que resulta da intensa intervenção humana iniciada há mais de dois séculos com a abertura da Barra de Aveiro, impondo-se dar continuidade a esse trabalho sob pena do homem ser vitima de si próprio". Como exemplo da necessidade imperiosa de uma intervenção mais profunda referenciou o facto de, no troço agora inaugurado, "ter sido necessário, em plena obra, aumentar as cotas da intervenção, relativamente às previstas em projecto, face às alterações verificadas, em poucos anos, na amplitude das marés, sendo já evidente a necessidade de, num futuro muito próximo, se promover nova intervenção". Por último, usou da palavra o Secretário de Estado do Ambiente, Paulo Lemos, que se mostrou "visivelmente agradado pelo trabalho desenvolvido" pelo Município e pela Região, de que a obra inaugurada "era um bom exemplo", pois "conciliava os aspectos da defesa de pessoas e bens, através do reforço das protecções marginais, com a valorização turística sustentável dos recursos". Falou, igualmente, na aposta do Governo nos investimentos de defesa da orla litoral, "uma problemática particularmente evidente" da região de Aveiro. A obra contemplou a beneficiação dos dois cais localizados dentro da área de intervenção – a Ribeira do Mancão e a Ribeira do Gago – dotando-os de condições de parqueamento automóvel de proximidade e de pequenas áreas de lazer, transformando as envolventes em "espaços aprazíveis". Ao longo de toda a área de intervenção, que se estende da EN109-5, no Mancão, até à extremidade sul da variante ao centro do Bunheiro, perto da Ribeira do Gago, foi requalificada a mota de protecção. |