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NOTÍCIAS | | | 01-04-2003
| Caso dos 808 quilos de haxixe
| Mealhada |
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Caso dos 808 quilos de haxixe: Investigação policial pouco transparente - defesa
A defesa dos quartos arguidos num processo envolvendo o tráfico de 808 quilos de haxixe, cujo julgamento começou ontem a ser repetido na Mealhada, sustentou que a investigação policial foi marcada por falta de «clareza e transparência«.
Em declarações aos jornalistas, um dos advogados de defesa, Augusto Murta, sustentou que os desenvolvimentos registados no primeiro dia de julgamento «mostraram que as coisas não foram claras e transparentes«.
«Não tenho elementos para fundamentar a tese da cilada. Mas há indícios que falam por si«, acrescentou.
Este processo relacionado com o tráfico de droga já fora sentenciado na comarca de Coimbra a 28 de Novembro de 2000, mas uma instância superior determinou a repetição do julgamento.
Um ex-agente da PJ, de Ermesinde (Valongo), um comerciante de Penafiel, um industrial e um pedreiro reformado, ambos de Montalegre, são acusados pelo Ministério Público de envolvimento em tráfico de droga destinada ao mercado interno e a outros países da União Europeia.
A acusação surge na sequência da apreensão em Ceira, Coimbra, de uma carrinha com 28 fardos de haxixe (808 quilos). A viatura, conduzida pelo pedreiro reformado, provinha de Torres Vedras e seguia para Chaves.
Muitas das perguntas feitas pelos advogados a agentes da Polícia Judiciária (PJ) chamados a depor incidiram sobre o papel de dois supostos personagens da operação, Jorge L. e Vítor F., que teriam antecedentes de ligação ao tráfico de droga e que teriam «preparado o terreno« para a alegada cilada.
Um dos advogados perguntou mesmo a um agente da PJ se não teria sido ele quem carregara a droga num armazém da Lourinhã para a entregar a um dos arguidos em Torres Vedras.
Nenhum dos inspectores da PJ consentiu as insinuações e o inspector-chefe Luís Baptista, que coordenou esta investigação, explicou que actuara na sequência de informações recebidas da polícia de investigação espanhola.
O industrial de Montalegre, principal arguido, admitiu ter sido contactado por um espanhol no sentido de transportar a droga de Torres Vedras para Chaves, pelo preço de 5.000 euros (mil contos).
Na sequência, abordou o pedreiro reformado para lhe endossar a tarefa, a troco de 600 euros (150 contos), mas disse-lhe que o carregamento era de hormonas, pelo que o considerou inocente.
No anterior julgamento deste caso, em Coimbra, o industrial divergira neste pormenor, incriminando também o pedreiro reformado.
O principal arguido disse ainda ao Tribunal da Mealhada que desconhecia o comerciante de Penafiel, associado pela PJ a este ilícito, e afirmou que se encontrava apenas «uma ou duas vezes por ano« com o ex-investigador da Judiciária, que conheceu em Montalegre, quando o ajudou a resolver um problema mecânico da sua viatura.
O julgamento prossegue hoje.
Lusa
(4 Jul / 9:32)
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