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NOTÍCIAS | | | 01-04-2003
| Novo sistema desinfecção piscinas
| Aveiro |
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Comprovada eficácia do novo sistema de desinfecção de piscinas
Está aí o Verão e com ele o calor, as praias e as piscinas. São precisamente as piscinas, mais concretamente da sua desinfecção, o objecto de um estudo pioneiro e inovador coordenado pelo Departamento de Ambiente e Ordenamento da UA. Utilizado, neste momento, nas piscinas do Sporting Clube de Aveiro, o novo método de desinfecção utiliza um sistema misto com cloro e radiação ultravioleta optimizado. As vantagens são inúmeras e é delas que vamos falar nas próximas linhas.
Uma incorrecta desinfecção da água das piscinas, especialmente das públicas, pode representar um risco para a saúde. Doenças oculares, do nariz, da garganta, infecções intestinais, «pé-de-atleta» e outras dermatoses podem aí encontrar as condições perfeitas para a sua transmissão. Daí que, no interesse da saúde pública, as piscinas devam ser examinadas com regularidade, para confirmar se estão isentas de contaminação.
A utilização do cloro é o método mais comum de desinfecção de águas de piscinas, por ser um método barato, muito eficiente e acessível. No entanto, problemas como a corrosão do equipamento, o odor e o sabor que deixa na água, bem como as irritações que origina ao nível dos olhos e vias respiratórias dos banhistas impulsionaram a procura de novas soluções de desinfecção a que o Departamento de Ambiente e Ordenamento da Universidade de Aveiro (DAO) não foi alheio. Em parceria com a empresa AC-Coger e as piscinas do Sporting Clube de Aveiro, e através de um projecto financiado maioritariamente pela Agência de Inovação, o DAO encontrou uma solução que associa a vantagem singular do cloro na desinfecção residual à instantaneidade e insipidez da radiação ultravioleta.
«A presença de cloro na água é necessária devido à sua capacidade de desinfecção residual, que outro tipo de desinfectantes (excepto outros halogéneos) não possuem. No entanto, é importante manter a sua concentração abaixo de valores controlados, por forma a não provocar danos ou sensações de desconforto», referiu a equipa de investigação, ressalvando que «a melhor forma encontrada por nós para minimizar a concentração de cloro na água, mantendo a elevada qualidade da mesma, foi usar a radiação ultravioleta como desinfectante complementar». A utilização de ambos é justificada pelo facto de que, apesar de estar provado que bactérias, vírus e fungos, podem ser destruídos por radiação UV estando suspensos no ar, em líquidos ou depositados em superfícies, ela destrói apenas organismos que não sejam visíveis a olho nu.
Em organismos mais complexos, a radiação pode danificar algumas células, mas não provoca necessariamente a morte do organismo; o efeito da radiação é sempre momentâneo, na fase do tratamento, sobre a água que passa através do reactor onde estão inseridas as lâmpadas. O papel do cloro é complementar, garantindo que a desinfecção não ocorre apenas na zona do tratamento do circuito da água, mas que qualquer contaminação posterior, nas próprias piscinas, é eliminada.
Para além de determinar as condições óptimas de funcionamento e de desinfecção, desenvolveu-se também um sistema de gestão automática, capaz de garantir o regular funcionamento das piscinas nessas condições. Conduziram-se, deste modo, inúmeros ensaios reais, nos quais se fez variar as doses dos dois tipos de desinfectantes, tendo em conta o número e tipo de utentes das piscinas e as condições específicas de cada uma: piscina polifuncional e infantil. De facto, os mecanismos de desinfecção (e consequentemente os procedimentos para garantir a boa qualidade da água) foram, necessariamente, diferentes em cada um dos tipos, independentes no que diz respeito à recirculação de água, tipo de utentes, tratamento físico-químico e, ainda, doses de cloro e de radiação ultravioleta experimentadas.
Numa segunda fase do projecto, adquiriu-se um equipamento de medição em contínuo dos parâmetros de controlo essenciais, cujo funcionamento se optimizou tendo em conta os resultados obtidos na primeira fase do projecto, isto é, as condições de funcionamento e desinfecção que se consideraram como sendo óptimas.
Cloro e Radiação UV: desinfecção garantida
Apesar de o cloro ter um efeito residual activo que pode ser mantido por um período de tempo relativamente longo, ser um desinfectante simultaneamente barato e eficaz contra um vasto número de microorganismos, tem as desvantagens de provocar odor e sabor na água, irritações ao nível da pele, olhos e pulmões, necessitar de tempo de contacto para produzir efeito e poder ser facilmente sobredoseado. Para além destes problemas, este desinfectante pode reduzir o pH da água se a alcalinidade for insuficiente. Por outro lado, os produtos formados podem ser corrosivos para o equipamento e, para baixas doses, pode não ser eficaz na inactivação de certos vírus e esporos.
Já a radiação ultravioleta tem a mais-valia de não influenciar o odor ou o sabor da água e de a não alterar, já que nada lhe é adicionado, excepto energia. Desta forma não deixa toxicidade residual, não permite sobredosagens, actua de modo quase instantâneo no microorganismo e é economicamente competitivo. Devido ao seu efeito fotoquímico, destrói certos produtos tóxicos combinados de cloro, sendo mais eficaz do que este na inactivação de muitos dos vírus, esporos e cistos. O sistema em si requer menos espaço ocupado do que outros sistemas de desinfecção. Apesar destas inúmeras vantagens, a radiação ultravioleta também tem alguns pontos menos positivos, como o facto de as partículas na água funcionarem como escudo protector dos microorganismos, não ter poder residual para proteger a água da «re-infecção» e não haver grande desenvolvimento tecnológico neste tipo de desinfecção.
Simbiose de perfeito sincretismo!
A utilização de um controlador automático de cloro, pré-programado para as condições ideais definidas, garante as melhores condições no que respeita à utilização do cloro, através da introdução no aparelho de medição e controlo do valor ideal de cloro livre. Este mede em contínuo a concentração de cloro livre e o pH da água da piscina e ajusta o doseamento de cloro de forma a manter o seu valor constante, tendo em conta o tipo de piscina (polifuncional ou infantil) e a tipologia dos utentes. Para além deste aparelho, a equipa de investigação desenvolveu ainda um «sistema de gestão informatizado, suficientemente flexível por forma a permitir complementar módulos de tratamento clássicos já implantados com o tratamento UV, ajustando doses/caudais, e que permite a supervisão, monitorização, comando e manutenção dos equipamentos de modo a se poder fazer uma gestão integrada do sistema de desinfecção».
Assim, no caso das piscinas polifuncionais ou polivalentes, piscinas com temperaturas moderadas (26-28ºC), frequentadas por crianças e adultos que sabem nadar e que as usam para a prática deste desporto, a quantidade de cloro livre nunca deve ser inferior a 0,2 mg/l, recomendando-se 0,3 mg/l, devendo ser adicionada continuamente sob a forma de hipoclorito de sódio. A adição de cloro deve iniciar-se pelo menos 30 minutos antes da entrada dos primeiros utentes e ser reforçada em períodos de competições. «Deste modo, há claramente uma diminuição dos teores de cloro livre que passa de 0,5 -1,2 mg/l (pH de 7-7,4) ou 1-2 mg/l (pH de 7,4-8) para 0,2-0,3 mg/l (pH 7,6-7,8) na presença de radiação ultravioleta, com intensidade de radiação de 91 W/m2 aproximadamente», explicaram os responsáveis.
(27 Jun / 9:09)
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