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NOTÍCIAS | | | 01-04-2003
| Insuficiência cardíaca grave: HUC criam unidade pioneira
| Saúde |
| Insuficiência cardíaca grave: HUC criam unidade pioneira
Uma unidade pioneira de tratamento de insuficiência cardíaca avançada vai ser criada, ainda este ano, no Serviço de Cardiologia dos Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC), para combater uma patologia que assume já «proporções epidémicas«.
O director do Serviço de Cardiologia, Luís Providência, revelou hoje à Agência Lusa que a unidade (UTICA), única no contexto nacional, permitirá melhorar, de forma substancial, a qualidade de vida dos doentes com insuficiência cardíaca avançada, diminuindo a mortalidade, e também racionalizar os custos.
O principal objectivo desta unidade será o tratamento médico intensivo de doentes com insuficiência cardíaca grave, permitindo-lhes o acesso às mais modernas e eficazes alternativas terapêuticas actualmente disponíveis, bem como a manutenção e tratamento de pacientes com insuficiência cardíaca terminal a aguardar transplante.
Segundo o médico, a insuficiência cardíaca constitui um «grave problema« de saúde pública, com uma «importante morbilidade e mortalidade«, afectando em Portugal 4,3 por cento da população. Destes, cerca de um terço são doentes com insuficiência cardíaca grave, que representam elevados encargos económicos devido aos múltiplos internamentos.
Atento a esta realidade, o Serviço de Cardiologia dos HUC - o que mais doentes admite anualmente em Portugal - começou já a desenvolver um programa diferenciado para assistir estes pacientes em regime ambulatório e em internamento.
Nos HUC existe também uma consulta especializada destinada aos doentes com insuficiência cardíaca grave, bem como uma consulta pré-transplante cardíaco.
«Estamos também a criar as condições logísticas para implementar, a curto prazo, a consulta de seguimento de doentes submetidos a transplante cardíaco«, adiantou à Lusa o catedrático da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra.
É também objectivo disponibilizar, em breve, uma linha telefónica directa e telemedicina, para facilitar o contacto entre os médicos dos cuidados primários de saúde e os cardiologistas do Serviço diferenciados nesta área.
«Ao desenvolver um programa abrangente para o tratamento da insuficiência cardíaca, podemos proporcionar aos doentes com esta patologia na zona Centro uma assistência diferenciada, de elevada qualidade, com acesso às mais modernas terapêuticas actualmente disponíveis«, explicou Luís Providência à Lusa.
Segundo o médico, embora a abordagem terapêutica da insuficiência cardíaca grave tenha sofrido consideráveis avanços, o tratamento de eleição (e com melhores resultados) quando esta não resulta continua a ser o transplante cardíaco.
«Infelizmente esta alternativa terapêutica está condicionada pelo número de dadores disponíveis. Em Portugal, até ao momento, o número de transplantes cardíacos realizados resolve menos de 10 por cento das necessidades dos doentes com esta patologia«, adiantou, lembrando que está previsto, a curto prazo, o início do programa de transplante cardíaco pelo Serviço de Cirurgia Cardiotorácica (dirigido por Manuel Antunes).
Daqui deriva também a importância da UTICA, que vai garantir alternativas terapêuticas capazes de apoiar os doentes enquanto aguardam transplante cardíaco ou evitar mesmo esta cirurgia, melhorando o seu estado clínico.
A Unidade de Tratamento de Insuficiência Cardíaca Avançada será ainda o espaço ideal para assistir os doentes mais idosos, que não possam ser submetidos a transplante.
O aumento da insuficiência cardíaca - que levou os especialistas a considerarem que a situação está a assumir «proporções epidémicas« - resulta em parte do envelhecimento da população e também da evolução de outras doenças cardiológicas, actualmente com um leque de terapêuticas mais alargado, explicou Luís Providência.
O projecto para a instalação no Serviço de Cardiologia dos HUC da UTICA está a ser desenvolvido com o objectivo de a pôr a funcionar até ao final do ano, apelando o director para que, ao abrigo da Lei do Mecenato, instituições privadas possam contribuir para o financiamento do material e equipamento diferenciado necessário à unidade.
Lusa
(22 Mai / 16:56)
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