Os turistas provenientes de destinos longínquos visitam mais atrações por dia, afastam-se menos do alojamento onde pernoitam e tendem a ser mais velhos, com um nível de escolaridade superior. Estas são algumas das conclusões do estudo apresentado por Ana Caldeira, docente e investigadora do Departamento de Economia, Gestão e Engenharia Industrial (DEGEI) da Universidade de Aveiro (UA).
O estudo corresponde a parte do doutoramento de Ana Caldeira, sob orientação de Elisabeth Kastenholz, professora do DEGEI. O estudo de Ana Caldeira foi realizado considerando turistas urbanos e os dados foram recolhidos em Lisboa, destino urbano mais relevante em Portugal.
Um relógio com sistema de GPS para marcação dos percursos percorridos foi dado a cada um dos 413 turistas alojados em 10 unidades hoteleiras da capital, um método inovador em estudos nesta área em Portugal, turistas esses ainda inquiridos posteriormente.
No que respeita aos movimentos, os turistas de longa distância (long-haul), ou seja provenientes de países que implicam viagens superiores a seis horas até ao destino (que, neste caso, é Lisboa), utilizam com mais frequência na sua visita à cidade transporte turístico e registam mais tempo em movimento.
Quanto às atrações e atividades realizadas, estes turistas visitam mais zonas históricas, cafés/pastelarias, realizam maior número de tours e de compras do que os turistas de curta distância bem como incluem mais atrações e atividades no seu dia de visita à cidade.
Este padrão é, de alguma forma, explicado pelo investimento superior que estes consumidores fazem na viajem do país de origem até ao destino. Os turistas de longa distância tendem a ser mais velhos, com um nível de escolaridade superior.
Com mais baixa duração de estada, os turistas de longa distância tendem a visitar o destino com mais acompanhantes e participam mais do que os turistas de short-haul em tours organizados na sua visita à cidade.
Estes turistas de long-haul inquiridos no estudo eram maioritariamente do Brasil (46%), Estados Unidos (28%) e Canadá (11%). Já os turistas de curta distância vieram na sua maioria da Espanha (31%), Reino Unido (12%), Alemanha (12%); Holanda (9%), Itália (9%) e França (8%).
Assim, salienta a investigadora Ana Caldeira, “é importante ter em consideração estes diferentes padrões de comportamento espaciotemporal dos turistas, consoante a distância de origem, nas estratégias de marketing dos destinos urbanos”. Questão tanto mais pertinente, quanto se sabe que o setor do Turismo tem vindo a assumir uma importância cada vez maior na economia portuguesa.
O trabalho foi apresentado e distinguido como Best Paper Award na conferência Innovation and Entrepreneurship in Marketing and Consumer Behaviour (ICIEMC), sobre inovação e empreendedorismo no marketing e comportamento do consumidor, que decorreu em Aveiro, a 2 e 3 de maio deste ano. |