Diário de Aveiro: “A campanha do Creoula” tem somado alguns prémios. Estava à espera de todo este reconhecimento?
André Valentim Almeida: Não, sinceramente não. Como autor, atingimos um momento na produção em que perdemos a noção das virtudes e fraquezas do trabalho que estamos a desenvolver; o nosso envolvimento com ele é tão íntimo - horas, dias, meses de dedicação - que perdemos a distância necessária para esse tipo de relação com o filme. Também, e ainda sobre o reconhecimento, este não está só dependente da qualidade inerente do trabalho mas também de factores que não podemos controlar, como ser visto pela pessoa certa ou ser exibido no festival certo. A “Campanha do Creoula” foi felizmente acarinhado pela direcção do Doclisboa, onde estreou, e, em consequência disso, foi visto por programadores de outros festivais que o acolheram e celebraram.

Como surgiu a ideia de fazer esse documentário?
A Universidade do Porto endereçou-me um convite para embarcar no Creoula com o objectivo de documentar a maior expedição científica alguma vez feita em Portugal, que iria explorar a fauna, a flora e a geologia das Ilhas Selvagens - não confundir com as Desertas - com o objectivo de as candidatar a Património Natural da Humanidade e expandir a sua Zona Económica Exclusiva. Ora, fazer uma viagem em alto mar a bordo de um lugre belíssimo como o Creoula e conhecer - e filmar - o território mais a sul de Portugal, as Ilhas Selvagens, era uma proposta irrecusável.