Em dia de Feriado Municipal, os 40 anos do 25 de abril e as consequências da política de austeridade na região de Aveiro dominaram os discursos dos representantes dos partidos políticos na Assembleia Municipal.
Carla Lima, do BE, referiu que este é um tempo de afastamento da classe política que tem de ser revertido. “Não posso deixar de falar dos 40 anos do 25 de abril em que muito do conquistado está a ser colocado em causa num tempo de afastamento de quem governa do povo.”
João Coquim, do PCP, considerou, perante um membro do Governo, que o país vive um momento negro e que está a fazer-se um ajuste de contas com o 25 de abril. “Comemoramos este dia numa das mais negras alturas desde o 25 de abril.”
António Pinho, do CDS-PP, recusa um quadro de divisão entre políticos e cidadãos e diz que o palco é de todos.
“Hoje em dia, a democracia é simultaneamente o sistema que mais dá e mais exige. E cabe a cada cidadão exigir o melhor dos que nos governam, dos que nos querem governar e daqueles que pura e simplesmente não querem absolutamente nada.”
Para Luís Leitão, do PS, Portugal enfrenta desafios que devem ser encarados de frente e participados por todos.
“Não há melhor forma do que em ato solene reconhecer aqueles que trabalharam desinteressadamente pelo contributo que deram para construir um mundo melhor. Quarenta anos depois, vivemos as comemorações mais importantes de sempre do 25 de abril. Mas a verdade é que nunca umas comemorações do 25 de abril geraram sentimentos tão contraditórios: para a esquerda é momento de sair à rua em manifestações; para outros este é um momento que importa passar depressa, desvalorizando muitas das dificuldades da atual sociedade.”
Em representação do PSD, Flor Agostinho, aproveitou a presença de um membro do Governo para apelar à qualificação dos serviços de saúde na região de Aveiro.
“Atrevo-me hoje a solicitar ao senhor ministro para transmitir ao Conselho de Ministros a inquietação da nossa região de Aveiro sobre o futuro do Centro Hospitalar do Baixo Vouga que atravessa, como se tem dito, um momento chocante.”
O presidente da Câmara aproveitou para lançar a reflexão sobre a data do feriado municipal dando exemplos de acontecimentos históricos importante para o município ilhavense que poderiam servir como alternativa à segunda-feira de Páscoa.
Fernando Caçoilo deixou uma mensagem de optimismo aos ilhavenses.
“O ano de 2014 é ano de esperança e de exigência. Depois de termos estado quase à beira da bancarrota, e de termos percorrido nos últimos anos um penoso caminho de austeridade, com a presença da troika em Portugal, são evidentes os sinais de retoma da economia portuguesa. Sinais que são muito mais evidentes além-fronteiras do que por cá. Agora, esperemos poder construir um verdadeiro modelo de um país democrático e europeu. Em Ílhavo, durante mais de uma década, fomos capazes de contrariar a tendência e encontrar soluções, com projectos de captação de fundos comunitários. Em Ílhavo, queremos continuar na senda do progresso, com pessoas empreendedoras e dinâmicas.”
Aguiar Branco, ministro da Defesa, assumiu a condição de ex-autarca para deixar um elogio ao papel do poder local. “Para mim, o poder local é expressão maior de democracia. Nas várias dimensões do poder, não há escrutínio mais direto e mais próximo do que aquele que se faz localmente. É a expressão maior de um dos direitos que nós adquirimos com o 25 de abril: a democracia representativa. Fico preocupado quando vejo apelarem à democracia direta. A democracia direta é um exercício de demagogia e de demagogos que ou leva à anarquia ou à ditadura.” |