O presidente da Câmara de Ílhavo deixa uma palavra de tranquilidade no rescaldo de mais uma fim-de-semana de erosão costeira na Barra e na Costa Nova mas diz que mantém pressão sobre o Governo para que a recarga de areia na praia e o avanço para soluções mais duradouras possa passar a fase burocrática.
“A preocupação mantém-se. Estou a preparar novo dossiê para a Agência Portuguesa do Ambiente saber o que se passou. Há dias falei diretamente com o vice-presidente que me disse que o concurso para as recargas de areias estava a decorrer a pensar no enchimento da praia. Este mau tempo não ajuda a que a situação se acalme. Acredito que as coisas estão minimamente controladas”.
O autarca admite que há um tempo a cumprir ao nível das burocracias mas recusa esquecimentos. “Entendemos que isto de concursos e dinheiro são questões complicadas. Estamos a pressionar para não se esquecerem do caso. Iremos continuar a pressionar para que se cumpra a promessa do Ministro em Janeiro. Seria grave se acontecesse”.
Com o mau tempo de Janeiro o Ministro do Ambiente, Jorge Moreira da Silva, esteve na praia da Barra mas daí para cá a erosão não abrandou e a degradação do areal e dos passadiços termina com a entrada de água para a principal avenida da praia do concelho de Ílhavo.
“São muitos metros no último mês. Sabemos que avança no Inverno e recua no Verão. Temos a perceção desses avanços no Inverno mas como aconteceu a partir de Janeiro foi uma área anormalmente grande. Esperamos que seja situação pontual. Temos que estar atentos. Falamos de obras da responsabilidade do Ministério do Ambiente. Continuo a dizer que é preciso um esporão para cortar a corrente erosiva. No âmbito da revisão do Plano de Ordenamento da Orla Costeira a construção do esporão deve ficar lá prevista”.
Fernando Caçoilo admite que a retirada de parte do passadiço estava ser pensada mas com o mau tempo do fim-de-semana essa oportunidade passou. “O passadiço foi destruído na zona do antigo off-shore. Já não deu para recuperar o material daquele troço. Nunca passou pela cabeça de ninguém que dentro de pouco tempo estariam no mar. Em pouco tempo o mar comeu muita areia. As entidades devem atuar na costa e não só em Aveiro. Uma palavra de solidariedade para o meu colega de Ovar onde a destruição foi brutal. A força do mar tem sido uma anormalidade”.
O futuro passa pelas recargas de areia e pelo ordenamento com a possível inclusão de defesas intermédias. “Em 1980 foi feita uma barreira em pedra na zona que agora está a ser comida. Quando íamos para a praia existiam escadas em madeira. Estava a comer da mesma forma. Depois o mar recuou e a praia encheu. O mar tem destes movimentos. É preciso é que quem governo tenha consciência disto. Só a obra de enchimento não chega. Na Costa Nova felizmente que desde a colocação de esporões não tem havido nada de especial. No sábado houve água que chegou à estrada mas não teve nada de especial”.
O autarca de Ílhavo tem a responsabilidade política pelo que se passa na área geográfica do Município mas não foge à questão também na condição de morador na praia da Barra. Entrevistado esta manhã no programa “Manhãs Novas”, apresentou-se tranquilo quanto ao futuro. “Não penso mudar. Sou morador com tranquilidade. Vamos continuar a ter a nossa Barra como até aqui”. |