Wang Suoying é uma das 20 personalidades que a televisão estatal chinesa (CCTV) seleccionou para concorrer a um lugar entre as dez que mais contribuem para a divulgação da cultura chinesa no planeta. Professora no Departamento de Línguas e Culturas (DLC) da Universidade de Aveiro (UA), tradutora, escritora e investigadora dedicada às línguas, literaturas e culturas da China e de Portugal, Wang Suoying foi escolhida entre 1500 propostas provenientes de embaixadas chinesas do mundo inteiro. Os dez vencedores resultarão de uma votação on-line que decorre até 27 de Dezembro. Entre os concorrentes, para além da docente do DLC, figuram nomes como o actor Jackie Chan. Na corrida para o lugar entre os dez mais importantes porta-estandartes da cultura chinesa pelo mundo, num concurso promovido pela CCTV através do programa 'Luz da China' que já distinguiu Mo Yan, Prémio Nobel da Literatura, e o famoso pianista Lang Lang, a carreira de Wang Suoying "atesta o porquê de figurar na restrita lista de nomes entre uma diáspora feita de milhões de pessoas". Só na UA, Wang Suoying, além das aulas que ministra desde 1998, onde é responsável pelos conteúdos programáticos das disciplinas de chinês em três cursos, está envolvida na coordenação do projecto de ensino de chinês a 600 crianças do 3.º e 4.º anos de São João da Madeira. "Como uma mãe, tenho trabalhado com amor e ternura para o nascimento e o crescimento do chinês na UA”, aponta Wang Suoying. Nessa missão a docente já publicou vários manuais a pensar em todas as unidades curriculares dos três cursos. Destes livros, o Centro Científico e Cultural de Macau do Ministério da Educação e Ciência já publicou três volumes que fazem parte da série Lições de Chinês para Portugueses. O quarto livro já está a caminho. “Sou apaixonada pela língua portuguesa”, confessa Wang Suoying. “Gosto mais da literatura clássica do que da literatura contemporânea de Portugal. Cativaram-me sobretudo as obras de Camilo Castelo Branco, pois consegui sentir a sua emoção e a sua sátira ao lê-lo”, diz. Traduziu 'A Queda dum Anjo' e 'Amor de Perdição' para chinês. Publicou um livro bilingue sobre a comparação entre as tragédias amorosas de Teresa e Simão, de Amor de Perdição, e de Baoyu e Daiyu, de Sonho do Pavilhão Vermelho, obra clássica chinesa. Também escreveu textos em chinês e em português comparando Inês Castro e algumas personagens na história da China, os quais foram publicados em revistas de Macau. “Outra obra portuguesa que sempre tenho tido vontade de traduzir para chinês é 'Lendas e Narrativas', de Alexandre Herculano. Hei-de arranjar tempo para a sua tradução, mas talvez depois da minha reforma”, antevê. A viver em Portugal há 22 anos, Wang Suoying e o marido, Lu Yanbin, – o casal faz dupla para atingir a ribalta do programa Luz da China - contribuíram decisivamente para a promoção do ensino de chinês em terras lusas. Os dois estão intimamente ligados aos cursos mais importantes de chinês leccionados em Portugal, como é o caso do ministrado na Missão de Macau (hoje Delegação Económica e Comercial de Macau), cujo sucesso e impacto na sociedade portuguesa mereceram a Wang Suoying uma condecoração por mérito profissional do Governo de Macau. A dupla está igualmente ligada à criação de unidades curriculares de chinês em várias universidades portuguesas. Em 2009, o casal fundou o Coro Molihua, composto por alunos portugueses de chinês, sem fins lucrativos, que visa divulgar a cultura chinesa, através da interpretação de canções daquele país. A convite de autarquias, de instituições culturais e de associações da comunidade chinesa, o grupo faz anualmente mais de uma dezena de espectáculos em Portugal. Wang Suoying e Lu Yanbin publicaram ainda uma série de livros, tais como o Dicionário Conciso de Chinês-Português, a Gramática da Língua Portuguesa, a Fonética da Língua Portuguesa e Lições de Chinês para Portugueses, além de traduções para chinês de obras fundamentais da literatura portuguesa. Wang Suoying escreveu igualmente um livro em chinês onde se explica o Código da Estrada de Portugal para ajudar os emigrantes chineses a tirar a carta de condução. |