A arbitragem é hoje mais aliciante como futuro profissional mas o estudo deve nortear a ação de todos os jovens que praticam futebol. Jorge Sousa, árbitro internacional, esteve na Gafanha da Nazaré, a convite da secção de futebol juvenil do Gafanha, para falar da sua atividade como árbitro internacional. Não esconde que ser árbitro em Portugal tem os seus desafios sobretudo pela forma cultural como o futebol é encarado.
Na memória guarda a final da Liga dos Campeões entre Bayern e Chelsea, integrado na equipa de Pedro Proença. “Foi o momento mais marcante da minha vida desportiva. Havia pessoas tristes, o seu clube tinha perdido a final, mas não deixaram de forma elevada de aplaudir a equipa de arbitragem com um sorriso nos lábios. Isto mostra a cultura desportiva. Em Portugal nunca tive uma situação destas”.
Apesar dessa experiência, Jorge Sousa não se considera o Cristiano Ronaldo da arbitragem. “Seria ofensivo para ele comparar um árbitro português com o Cristiano Ronaldo. Gostemos dele ou não devemos ter o maior orgulho em ter uma pessoa de um país pequeno que identifica Portugal em todo o mundo. É o melhor jogador da atualidade”.
Num país em que a crítica faz parte do dia-a-dia, em jornais e programa de tv, Jorge Sousa revelou-se imune à crítica de jornais e comentadores que participam em programa televisivos. “Que mais-valia trazem esses programas? Essas pessoas, todas elas, são intelectualmente desonestas porque estão lá todas a ver as coisas com parcialidade, a ver conforme lhes dá jeito. Que credibilidade vou dar a essas pessoas? Como costumamos dizer, entre árbitros, essas pessoas falam tanto de árbitros porque não sabem falar de futebol”.
Numa plateia maioritariamente composta por jovens e crianças, o árbitro internacional aconselhou os jovens a dedicarem a sua vida ao estudo. “Tirando os jogadores dos três grandes hoje não se consegue fazer vida como jogador. Estudem porque a vossa vida passa pelos estudos”.
Questionado sobre tentativas de aliciamento, Jorge Sousa diz que a sua biografia não terá histórias “picantes” porque continua a manter distanciamento evitando abordagens. “Até hoje não tive uma única abordagem, ao de leve que fosse, e explico porquê. Eu sempre tive o cuidado de manter frieza e distanciamento. Dou pouca confiança. Nem sequer há espaço para abordagens. Hoje não tenho nenhuma história para contar”.
Jorge Sousa e Pedro Ribeiro, árbitro e árbitro assistente, numa conferência promovida pelo Gafanha sobre a vida dos árbitros, a preparação, as conquistas, as desilusões e a forma como são vistos pelo público.
Jorge Sousa resume essa presença em campo numa recente avaliação da filha. “A minha filha de 5 anos vê os jogos e há dias ela estava triste depois de um jogo. Disse que não queria conversa porque esteve a ver um jogo inteiro e que eu não jogava nada. Nem tinha tocado uma vez na bola”. |