A D. Rosa Oliveira tem 75 anos e teima em sobreviver, apesar de todas as contrariedades, com que a vida a tem defrontado. E “todas”, são muitas, podemos assegurar. Come “o que há… quando há”. Tem casa. Ou melhor, tem um tecto. Um tecto que, em parte, já caiu e que o restante está sustentado em vigas de madeira apodrecida. Mas não dorme ali. Prefere ficar dentro de uma carrinha onde transporta tudo o que recolhe “por aí”, para vender na sucata”. “Tenho medo de dormir em casa. Antes não tinha, mas agora tenho”. O temor não vem da possibilidade de ver a casa ruir, mas sim da alguns vizinhos que lhe têm entrado em casa, e roubado “tudo o que apanham”.
“Eu não durmo aqui desde que me partiram os vidros da carrinha. Agora fico por aí, onde haja carros a passar, e alguma luz. A gente habitua-se. Às vezes vou para o banco de trás, mas, normalmente durmo mesmo no lugar do condutor. Ponho só uma almofada em cima do volante ”.
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