O discurso de Élio Maia na cerimónia do Dia do Município teve muito para ler nas entrelinhas. “Não somos estranhos, não somos estrangeiros, não somos intrusos, somos de Aveiro”, afirmou durante os 30 minutos em que esteve sozinho no palco, antes da entrega das medalhas de mérito a oito personalidades e instituições locais, sábado à noite.
O autarca quis visar os dois partidos que o apoiaram em 2005 e em 2009, PSD e CDS, assim como Ribau Esteves, já escolhido como candidato da coligação nas eleições deste ano.
O “amor” por Aveiro “não pode ser adquirido por interesse circunstancial”, disse numa aparente alusão à candidatura de Ribau, em trânsito para a capital do distrito a partir de Ílhavo, onde não se pode recandidatar.
O autarca ilhavense e os responsáveis de PSD e CDS terão ficado com as orelhas a arder perante este subtil ajuste de contas público de Élio. “Nós, aveirenses, somos irrepetíveis”; “estamos aqui como irmãos, somos uma família que se conhece”; “os que aqui nascemos ou vivemos” - as alusões veladas à escolha de Ribau dominaram a primeira parte do discurso, onde não faltaram também críticas à comunicação social por uma alegada indiferença relativamente ao seu trabalho nos oito anos à frente da Câmara.
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