O mau tempo que tem assolado a região nas últimas semanas provocou estragos nos muros de suporte que evitam a entrada de água salgada nos campos do Baixo Vouga, nomeadamente em Canelas e Salreu, em Estarreja. As marés têm levado a que a água salgada comece a entrar nos campos. “Grande parte” da produção forrageira de Outono/ Inverno já se encontra “perdida”, revelou Albino Silva, presidente da Associação da Lavoura do Distrito de Aveiro (ALDA).
Caso não sejam feitas “obras rápidas” de recuperação dos muros, as marés poderão chegar “com facilidade” até Angeja. A salinização dos campos poderá levar à “perda de potencial produtivo de milhares de hectares”, adverte o responsável.
Mesmo sem condições climatéricas adversas, os muros e pequenos diques de protecção, cuja reparação urgente a ALDA reclama, há muito que vêm sofrendo o desgaste provocado pela maior amplitude de marés na ria, tornando improdutivos terrenos agrícolas devido à água salgada.
O dique do Baixo Vouga Lagunar, considerado como solução global para o problema, que permitia o pleno aproveitamento de 12 mil hectares de terras agrícolas, apenas foi construído no seu troço médio, o que continua a permitir a penetração da água salgada.
Em 2010 a ALDA enviou um documento à ministra da Agricultura transmitindo a preocupação dos agricultores com o atraso de 20 anos na conclusão do dique do Baixo Vouga Lagunar.
O presidente da Câmara, José Eduardo Matos, confirma que os muros de protecção dos esteiros de Estarreja e Canelas abriram rombos na margem sul, provocando a invasão dos campos pela água salgada, o que atribui também ao desleixo das entidades com tutela na área.
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