«Ai que bonito» foi o grito de exclamação que saiu da alma de uma senhora quando viu passar, frente aos seus olhos, o Santa Maria ...
«Ai que bonito» foi o grito de exclamação que saiu da alma de uma senhora quando viu passar, frente aos seus olhos, o Santa Maria Manuela, esta tarde, domingo, de regresso de trabalhos de acabamento que se realizaram na Galiza, no último ano e meio.
Em tarde ventosa, com areias finas pelo ar, massacrando quem esperou pela chegada do navio, na Meia-Laranja, com a boca da barra por cenário, o velho bacalhoeiro voltou a Aveiro, com convidados e tripulantes. Binóculos e máquinas digitais a postos, para fotos e vídeos, porque o povo da região traz no sangue a maresia e nas retinas imagens sem fim gravadas desde os seus ancestrais. Para além do povo, não tanto quanto se esperava, que o vento inquietava mesmo, barcos de recreio de tamanhos e feitios diversos prestaram guarda de honra ao bacalhoeiro com 73 anos de história, que se prepara para encetar nova vida, agora ao serviço do turismo, oferecendo a quem o desejar lembranças de décadas da faina maior, ao sabor de quem tem, como o Município de Ílhavo, «O Mar por Tradição».
Esta recuperação do Santa Maria Manuela fica a dever-se à firma Pascoal & Filhos, sedeada na Gafanha da Nazaré, que o salvou, a tempo, da sucata, para onde foram atirados outros navios carregados de glória, depois de tantas viagens na pesca do bacalhau. Navio de quatro mastros, casco branco, bem mereceu as palmas que alguns mais entusiastas lhe dedicaram. Foi pena não se ter apresentado na Barra de Aveiro de velas enfunadas, para gáudio de quantos se revêem nelas, como símbolo da verdadeira arte de navegar. A inauguração está prevista para o dia 10, pelas 12 horas, no cais do Porto Bacalhoeiro da Gafanha da Nazaré.