A Assembleia Municipal de Aveiro debateu, esta noite, o Plano Estratégico do Concelho de Aveiro. Discussão na qual o presidente da autarquia, Élio Maia, não participou e cuja ausência foi notada e criticada pelos partidos da oposição que consideraram ser “uma falta de respeito institucional”.
Marques Pereira, do PS, foi um dos mais críticos nesta ausência. Lembrou que noutros momentos importantes de discussão sobre o futuro de Aveiro, Élio Maia também esteve ausente, como é o caso da apresentação das Grandes Opções do Plano e Orçamento. O deputado socialista considera que, para além de falta de respeito, “é mais uma prova da falta de liderança desta autarquia”.
“De facto, já nos habituámos a ausências do senhor presidente da câmara em momentos críticos de discussão de assuntos de interesse municipal. A ausência neste debate é reveladora de uma falta de liderança. É lamentável não vir dar a cara por um plano estratégico para o futuro da cidade, que irá condicionar a vida dos nossos filhos e netos”, disse Marques Pereira, acrescentando que “a empresa esteve em roda livre a fazer este plano, pois não deve ter tido acompanhamento ao mais alto nível”.
Pedro Pires da Rosa juntou-se a Marques Pereira nas críticas à ausência de Élio Maia. “Uma ausência que revela falta de liderança e desta vez o senhor presidente não tem desculpa, nem pelouros tem”, acusou. “Neste plano há uma vontade de querer uma cidade e um concelho. É isto que a câmara quer e é a câmara de Aveiro e não outra qualquer”, acrescentou.
Também António Salavessa, do PCP, lamentou a ausência de Élio Maia e o facto do plano vir a discussão “a um dia de terminar a oportunidade para apresentar propostas e sugestões”. Considera por isso que a elaboração do plano “foi mal gerida” e não “houve respeito pelo órgão primordial que é a assembleia”.
O deputado comunista considerou ainda que “se trata de um bom documento académico, embora corra o risco de, se trocarmos para formato Word, e mudarmos o nome Aveiro por Faro, as propostas se adequarem, pois este plano pode ser para qualquer outra cidade”. “É um documento que não retrata bem a realidade do concelho. Por exemplo, a ria é apontada como elemento diferenciador, mas assenta apenas no Polis Ria. Não se sabe quais são as intenções e estratégias da câmara”.
Ivar Corceiro, do Bloco de Esquerda, lamentou também o “timing” da apresentação do plano na Assembleia Municipal. No que toca à substância do plano, destacou as medidas sociais e as políticas de mobilidade. Considera, neste último caso, que “não se pode falar em nova política de transportes, se isso não for pensado numa perspectiva intermunicipal, em coordenação com o município de Ílhavo”.
Do lado do CDS-PP, chegarem elogios e até sugestões ao plano estratégico. Paulo Marques, focando-se na área do turismo, chegou mesmo a sugerir a colocação de uma roda gigante no Estádio Municipal de Aveiro. “Poderia ajudar a transformar aquele local num ponto turístico”, disse.
Olinto Ravara, do PSD, entende que “neste plano há vontade de querer uma cidade e um concelho. Deixemo-nos de subterfúgios que advêm da discussão política. Este é o plano que a câmara de Aveiro quer”, acrescentando, no entanto, que “há matérias que poderão ainda vir a ser mais desenvolvidas. Mas este é um plano bem traçado sobre o que queremos do futuro e com o qual eu me identifico, enquanto cidadão aveirense”.
Na resposta, Carlos Santos, vice-presidente da Câmara de Aveiro, disse considerar “lamentável” as acusações de “falta de respeito” pela ausência de Élio Maia. Lembrou ainda que o Plano Estratégico para o Concelho de Aveiro “está nas mãos dos deputados há mais de um mês e do que sei, não recebemos sugestões. Se não contribuíram foi porque não quiseram. Já a bancada que suporta a maioria participou, fez o trabalho de casa. Teve a postura de quem quis contribuir e daí os elogios feitos a este plano”, disse Carlos Santos. |