A notícia de que Aveiro vai receber a fábrica de baterias para carros eléctricos da Nissan/Renault foi recebida com satisfação pelos partidos com assento na Assembleia Municipal de Aveiro que consideram importante, não só pelo investimento previsto de 160 milhões de euros, mas também pelos 200 postos de trabalho que irá criar. No entanto, existem algumas discordâncias no que respeita à acção da autarquia para atrair investimento para o município. Redução dos impostos municipais é um primeiro passo, mas “é preciso fazer mais”, entende António Salavessa, do PCP.
“O município não tem grandes competências para atrair investimento, mas pode, por um lado através da política fiscal, e por outro através do planeamento e da política de solos fazer algum trabalho. De referir ainda que a autarquia deve apostar na promoção da imagem do município no exterior e criar um serviço municipal de apoio ao investidor que dê a ajuda e a informação necessária”, disse o deputado do PCP.
Gonçalo Fonseca, do PS, considera que a Câmara pouco ou nada fez para atrair investimento para o município. No entanto, defende que o executivo ainda vai a tempo de trabalhar com os responsáveis da Nissan/Renault, de forma a potenciar mais investimento no concelho e na região.
“É importante perceber se este investimento é sinérgico para a economia local. Se a câmara não interveio até aqui, e eu acredito que não, pois não reconheço nesta câmara municipal políticas de atracção de investimento suficientes para convencer um projecto desta natureza, embora tenhamos potencial para isso. Mas pode intervir a partir daqui, estando em estreita ligação com o grupo para poderem convence-los que temos fornecedores em várias áreas, multiplicando, assim, o investimento na economia local”, defendeu Gonçalo Fonseca.
Opinião contrária tem o deputado do PSD, Manuel António Coimbra, que defende a autarquia dizendo que tem sido criada uma política para atrair investimento. Faz referência à redução dos impostos e às infra-estruturas existentes no concelho.
“Tem havido a criação das condições necessárias para atrair este tipo de investimento e para a criação de emprego. Não podemos criticar, mas sim louvar o presidente da câmara porque criou condições para que as empresas possam continuar a investir em Aveiro. Se este fosse um município em que as pessoas não se entendessem ou em que o presidente não mostrasse confiança, os investidores não viriam para Aveiro”, afirmou o deputado do PSD.
Do lado do Bloco de Esquerda, Virgínia Matos, congratula-se com a notícia, reconhecendo a importância do investimento. Contudo, alerta para a anunciada criação dos 200 postos de trabalho, pois receia que muitos deles venham a ser ocupados por actuais funcionários da Renault/Cacia. “É preciso resfriar o entusiasmo porque a fábrica só arranca em 2012. Mas a questão do emprego é ainda mais importante, pois não sabemos se vai criar 200 novos postos de trabalho, ou se esta é uma forma de requalificar os recursos humanos da Renault”, alertou a representante do BE.
A nova unidade deve ser começada a construir em 2010, na freguesia de Cacia. A produção arrancará em 2012. |