Ana Rosa Dias, carinhosamente conhecida no Alboi como Aninhas, resume o sentimento dos populares que ontem se voltaram a concentrar no principal largo do bairro: “Estou contra fazerem a estrada”. Em causa está a via para automóveis que os moradores temem que esteja a ser construída pelo meio do Largo Conselheiro Queirós no âmbito das obras de requalificação do bairro.
Aninhas é, aos 89 anos, uma das habitantes mais velhas do Alboi e não faltou ao apelo lançado pela comissão de moradores, que ontem promoveu um novo protesto contra a falta de esclarecimentos da Câmara sobre o projecto que está em execução no bairro.
Desta vez, a população protestou sentada - cerca de 30 residentes levaram cada um o seu banco para o Largo Conselheiro Queirós e aí se concentraram ao início da tarde, aguardando por uma resposta da autarquia.
A esta acção simbólica, a que chamaram “Esperar Sentados”, poderão seguir-se outras caso o município presidido por Élio Maia insista em não esclarecer os habitantes, disse ao Diário de Aveiro o porta-voz da comissão de moradores, João Peixinha. “O presidente não responde a nada e não consegue dialogar connosco”, lamentou.
A luta da população do Alboi já é antiga - dura desde que se soube que o projecto de reabilitação do bairro previa a construção de uma estrada atravessando o Largo Conselheiro Queirós. A Câmara acabou por prescindir desse arruamento devido à pressão movida pela população, movimentos cívicos e partidos da oposição. Os residentes olham para a forma como as obras estão a decorrer e temem, porém, que a estrada esteja mesmo a ser construída. “Continuamos à espera que o presidente nos esclareça”, disse ontem João Peixinha.
O Diário de Aveiro contactou a autarquia para obter explicações sobre as obras em curso, tendo recebido uma curta resposta escrita da parte de Élio Maia: “O que está a ser construído no largo é exactamente o que foi aprovado em reunião de Câmara e que prevê na zona central um espaço ajardinado”.
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