A falta de limpeza do leito e das margens do rio Cértima está a deixar os moradores de Mogofores e de Canha, na freguesia de Arcos, bastante preocupados.
Com a chegada do mês de outubro e a limpeza do rio por fazer, os moradores destes locais temem que, em caso de um inverno rigoroso, as inundações sejam inevitáveis. E recordam, com receio, que possa vir a suceder algo semelhante ao que aconteceu em 2001 quando as zonas mais baixas destas localidades foram inundadas pelas águas do Cértima.
Na última reunião de executivo anadiense, Maria de Lurdes Conceição voltou a alertar o executivo para esta questão. Com casa na Rua das Ínsuas, já viu a sua habitação ser, por diversas vezes, inundada pelas águas do rio. Daí que também, por diversas vezes, tenha chamado a si esta problemática e contactado a Administração da Região Hidrográfica do Centro (ARHC), no sentido de que fosse autorizada e concretizada a limpeza do rio Cértima.
De igual forma, também Maria Teresa Rocha teme que o inverno possa trazer uma desagradável surpresa, tal o estado em que se encontra o rio. A moradora avança “a minha casa é sempre a primeira a ser inundada”, temendo que a falta de limpeza (há dois anos que não é feita) possa fazer regressar as inundações.
Maria de Lurdes Conceição há vários anos que se desdobra em contactos entre a Câmara Municipal e a ARHC, por causa do rio. Agora, diz-se cansada até porque, segundo explicou e de acordo com as regras da ARHC, “a requerente fica responsável pela segurança dos trabalhos e pelo eventual prejuízo de acidentes com terceiros”, o que não acha de todo justo.
“Já viu a responsabilidade que recai sobre os meus ombros? O rio não é meu”, avança, dando conta de que, neste momento, há árvores em todo o leito do rio, desde Espairo a Mofogores, sendo notória a falta de limpeza no restante percurso do rio, no concelho. Em Mogofores, perto do Parque de Merendas, o leito do rio quase que não se vê e deu lugar a árvores de grande porte.
Exigir limpeza. Ao executivo os populares reivindicaram uma limpeza igual à última, realizada há dois anos. “Em 2010 e em 2011 não havia tantas árvores como agora. Não sabemos se vamos ter um inverno seco ou chuvoso, mas da forma como o rio está, tememos que o pior possa acontecer, ou seja perder todos os nossos haveres em caso de cheia”.
“Quando começar a chover vai ser uma desgraça”, dizem-nos, se até lá não forem tomadas medidas. “Existe uma grande falta de civismo dos arrendatários e testantes com o rio, que empurram para o seu leito todo o tipo de detritos (restos de ramos, canas) que ali ficam depositados e que, depois, quando chove, formam diques ou barreiras que impedem a circulação da água”.
Durante a reunião de executivo, Litério Marques disse que só com autorização da ARHC é que a Câmara Municipal intervirá, sempre tendo em conta a disponibilidade orçamental, de máquinas e de pessoal da Câmara. Aos populares referiu ainda que “o rio é propriedade nacional, onde não podemos interferir”, admitindo, contudo, uma limpeza se “for estabelecido entre a Câmara e a ARHC um contrato-programa, por exemplo”, dando conta de que está a estudar com a Junta de Freguesia de Mogofores a melhor forma para atuar nas partes mais sensíveis.
José Maria Ribeiro, presidente da JF de Mogofores, confirma já ter pedido autorização à ARHC para a limpeza do rio na área da sua freguesia, no entanto lá vai dizendo que “este tipo de intervenção deve ir mais longe e abranger as freguesias vizinhas por onde o rio passa no concelho de Anadia: Tamengos, Arcos e Avelãs de Caminho”.
José Maria Ribeiro dá conta de já ter endereçado para a Câmara Municipal de Anadia uma cópia do ofício recebido da ARHC relativo à autorização, aguardando agora disponibilidade da Câmara Municipal para a realização desta intervenção. Fernando Fernandes, presidente da JF de Arcos, disse a JB que “o assunto da limpeza do rio pertence à ARHC”, fazendo saber que à JF, este ano, ainda não chegou qualquer queixa ou reclamação sobre esta matéria.
Catarina Cerca
catarina@jb.pt
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