Ao longo de quatro anos, cerca de 500 eventos preencheram a programação do Estúdio de Arte Performativa, entre concertos, oficinas ou ‘jam sessions’. Rui Oliveira e alguns convidados são os últimos a subir ao palco, a partir das 23 horas. O Performas chega hoje ao fim.
O Diário de Aveiro encontrou-se com o director artístico no primeiro andar do Teatro Avenida, com vista privilegiada para a Avenida Dr. Lourenço Peixinho e onde o Performas funcionou desde 2008, pagando uma renda à empresa proprietária. “Contribuímos muito para a cultura de Aveiro”, resumiu, numa retrospectiva feita a pedido do Diário de Aveiro.
Para trás fica uma actividade que, segundo Filipe Pereira, privilegiou o “apoio à experimentação artística”, através de laboratórios ou residências artísticas. “Demos um impulso muito significativo à consolidação ou ao aparecimento de projectos locais”, avalia. É esse “vazio” que Aveiro poderá ter mais dificuldade em preencher. “Sítios para espectáculos há outros na região. Mas o nosso trabalho mais importante, apesar de não ter tanta visibilidade pública, foi o apoio aos artistas de Aveiro”.
A “pequena comunidade artística” local “merece condições” para evoluir e para se expandir. “Uma parte dos nossos artistas já saiu da cidade”, empobrecendo o panorama cultural local, avisa.
“Ao longo dos últimos quatro anos levámos a cabo um projecto muito ambicioso de programação e produção artística e desenvolvimento de público para as artes contemporâneas, com especial incidência nos domínios das artes performativas”, descreveu ao Diário de Aveiro. Concebido como um “espaço de cidadania”, o Performas “deixou de ter condições para continuar”.
Embora sem entrar em detalhes, Filipe Pereira deixa perceber que foram problemas financeiros que ditaram o fim do projecto. Os apoios do Ministério da Cultura sofreram “grandes cortes” nos últimos anos, o que abalou a viabilidade do Performas.
Localmente, a instituição nunca contou com grandes apoios, queixa-se o director artístico. “A Câmara existe?”, pergunta.
A actuação do Teatro Aveirense também deixa muito a desejar, lamenta. “Aveiro merecia um teatro municipal”, atira. “Tem um? Está a dar-me uma novidade”. E acrescenta: “Existe em Aveiro um ambiente hostil ao desenvolvimento artístico, que é visto como subversivo e que é boicotado de forma explícita”.
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