Está a dirigir os destinos do clube há praticamente quatro anos. Como tem corrido este desafio?
O desafio tem sido aliciante e, ao mesmo tempo, preocupante porque, nos tempos que correm, com a situação económico-financeira do país, isso repercute-se na vida do clube. Muito embora não me possa queixar muito ao nível da angariação de apoios para o clube, temos sido obrigados a um trabalho incansável e constante.
Está a cumprir o seu segundo mandato na presidência da direcção, mas tinha uma bagagem anterior. Já tinha estado na comissão administrativa vários anos…
Sim. Vou entrar no segundo ano do meu segundo mandato, mas desde 2005 e 2006 que estou ligado à gestão do clube, na sequência de um desafio do meu colega Rui Dias. Nessa altura, decidimos tomar conta deste navio, sob a liderança do Rui Dias, que fez um trabalho notável, como é do conhecimento público. Inclusivamente, a equipa acabou por ser levada à Liga. Mas o trabalho mais importante que levámos a cabo foi reconciliar o clube com a cidade, com as pessoas que gostam de basquetebol e, sobretudo, tentar o saneamento financeiro do clube. Julgo que conseguimos em grande parte repor a situação financeira, permitindo que o clube respire com mais alguma qualidade.
Quando a vossa equipa foi tomar conta do clube, o Illiabum tinha um passivo de 704 mil euros…
Exactamente. Provavelmente, esse passivo ainda seria maior. Nós, até por uma questão de integridade moral, nem sequer fizemos as contas em absoluto, mas estou convencido que o passivo ultrapassaria os 800 mil euros. Aproximou-se muito do valor de um milhão de euros, fruto de muitas circunstâncias. Nunca será nossa intenção atirar pedras a ninguém, pois, muitas vezes, as coisas sucedem porque acabamos por ser ultrapassados e atropelados por situações. O clube viveu alturas de um grande dinamismo e depois deixou de viver, por muitos factores que eu desconheço e sobre os quais não queria estar a pronunciar-me.
E como está actualmente a situação financeira do clube?
Tem aquelas dívidas que eu diria que são normais e residuais no final de uma época desportiva, mas nada que seja preocupante. E tem uma dívida que falta liquidar ao BPN que se entronca na questão da recuperação da sede social. Ao contrário do que muita gente pensa, o Illiabum só é verdadeiramente proprietário da sede desde 2004. Antes de eu ser presidente e também o Dr. Rui Dias, encontrou-se uma forma de tentar financiar o clube através da compra da sede. Um edifício que o Illiabum chamou sempre de sede mas que era um edifício dos Oficiais da Marinha Mercante, uma sociedade anónima que entrou em liquidação e, como o clube detinha grande parte das acções, acabou por adquirir a sede e a partir daí teve de se financiar. Temos, assim, uma dívida de cerca de 200 mil euros, com uma hipoteca sobre o imóvel.
Um edifício que vocês gostavam de recuperar…
Muito. Apresentámos já um projecto de arquitectura para a recuperação do imóvel e candidatámo-nos a verbas do QREN (Quadro de Referência Estratégico Nacional). A candidatura foi aprovada e temos, inclusivamente, o contrato assinado para uma obra que custará entre 250 mil a 300 mil euros. Estamos, nesta altura, numa situação complicada porque, por um lado, temos as verbas do QREN aprovadas, mas não temos um acordo para negociar a dívida com o BPN. Não que o BPN não queira, mas simplesmente porque está na situação em que está e não se consegue interlocutor. Portanto, estamos aqui numa situação complicada e podemos correr o risco de perder este financiamento do QREN para recuperar a sede.
Acredita que vão conseguir ultrapassar esse impasse?
Tenho fé nisso. Até porque o clube tem uma acção social muito grande e, para muitas pessoas quando se fala no Illiabum, o clube diz-lhes muito, não só em termos desportivos para também na vertente social. E ao fazer a obra da sede, permitia-nos ter alojamentos para atletas, quer séniores, quer da formação.
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