“Nós, em Aveiro, cuidamos muito melhor daquilo que existe em Aveiro do que os nossos concidadãos que vivem em Lisboa”. Esta é uma das principais declarações que um conjunto de instituições da região expressou ontem num comunicado conjunto em defesa da autonomia do porto de Aveiro.
Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro, Comunidade Portuária de Aveiro, Associação Industrial do Distrito de Aveiro e Universidade de Aveiro uniram-se num texto a que chamaram “Porto de Aveiro / Futuro 2012” onde é referido que o actual modelo empresarial das administrações portuárias deve ser visto como “um exemplo de mérito para todo o sector empresarial do Estado, ao invés de ser posto em crise”.
Num documento assinado pelo social-democrata Ribau Esteves, presidente da CIRA, as quatro entidades sustentam que “o problema dos portos em Portugal não está em quem manda”. “Basta apenas olhar para os resultados líquidos positivos, baixo (ou mesmo nulo) endividamento, cumprimento dos prazos de pagamento e diminuição contínua dos gastos operacionais” de cada uma das administrações, sublinham.
O modelo de gestão do porto de Aveiro “tem de assumir a condição de ser parte de um sistema de transportes multimodal, em que a sua plataforma portuária se valoriza pela ligação à estrutura viária em perfil de auto-estrada que lhe dá o acesso rodoviário (A25, A17, A1 e A29) e pela sua ligação ferroviária à Linha do Norte”.
De acordo com o grupo de instituições locais, trata-se da reafirmação da aposta no denominado Eixo A25/E80, com a ligação em plataforma multimodal a Espanha e ao centro da Europa, para o crescimento sustentado do porto de Aveiro e da sua influência.
“Esse corredor multimodal para a Europa é seguramente um importante instrumento de estratégia de eficiência colectiva com base no território e nas infraestruturas existentes (e a implantar), numa abordagem que a União Europeia defende há muito tempo e pratica em muitos dos seus países”, lê-se.
A continuidade dessa aposta pela região é justificada “pela forte vocação exportadora das suas empresas, mas também pelo facto de, considerando a sua localização geográfica, ter potencialidades para funcionar como interface privilegiado entre a Europa e os continentes africano e americano”.
O documento frisa que a internacionalização, em especial a exportação, é “vital para assegurar a capacidade competitiva da grande maioria das empresas portuguesas”, pelo que “importa criar melhores condições” para que ela suceda.
“E estas condições passam, em grande parte, pela atenção dada aos meios de transporte. De pouco servirá incentivar o investimento privado se os empresários se continuarem a debater com custos de transporte incomportáveis e, em muitos casos, até com a insuficiência dos mesmos”, acrescentam.
“Sabendo-se que o futuro da economia portuguesa depende do sucesso das empresas, concretamente do aumento das suas exportações, e que o transporte marítimo é o responsável pelas maiores percentagens de mercadorias transportadas na totalidade do comércio internacional, a questão que aqui se coloca é da maior delicadeza”, avisam.
No documento, os subscritores refutam a perspectiva centralista de que “na capital tudo se governa melhor”, o que é considerado “um enorme e grave absurdo que já custou ao país décadas de atraso”. Advertem ainda que “a distribuição administrativa de cargas pelos portos é a antítese da concorrência necessária” para o futuro do país.
Defendem, por isso, que devem ser mantidos “elevados níveis de autonomia, com lógicas de integração regional e de articulação à escala nacional entre a gestão de cada um dos portos, de forma a cuidar da sua especialização e do seu papel no desenvolvimento regional”.
|