Desde o dia em que foi apresentado, que sempre mostrou muita confiança na manutenção. Foi um discurso estudado ou sentido?
A confiança que transmito para fora tenho-a porque acredito mesmo muito no que faço e naquilo que sou. Neste caso, quando aceitei o convite, tinha 70 por cento de confiança em mim e 30 por cento nos jogadores. Mas rapidamente os números se alteraram, inverteram-se as percentagens e tudo se tornou mais fácil. Ficámos mais perto de conseguir chegar ao objectivo.
Mas trazia expectativas elevadas sobre o grupo ou pensava que, como as coisas estavam, era difícil fazer pior?
Quando se aceita qualquer desafio há sempre expectativas. Era a minha obrigação conhecer o valor dos jogadores, mas, para além do Nuno Coelho, que tinha já sido meu atleta, não conhecia o perfil de cada um deles. O essencial, por isso, era saber como cada um deles estava e em que estado, principalmente emocional, se encontrava. Ou seja, mais importante do que as suas capacidades enquanto jogadores, o fundamental era descobrir o que está oculto. Os treinadores têm duas formas de ser: ou trabalham por afastamento ou por aproximação. O que senti é que eles não estavam preparados para a mudança, mas eu já tenho algumas experiências similares, e, apesar de cada caso ser um caso, o ideal é quando se sente que os jogadores acreditam no treinador, no trabalho que se está a fazer. Ninguém ganha sozinho.
No entanto, no primeiro teste a sério, frente ao Rio Ave, o Beira-Mar perdeu. Sentiu muito o peso dessa derrota? Deixou de acreditar?
A derrota no Rio Ave se calhar fez os mais pessimistas pensar que de nada tinha valido a mudança. Mas eu sei o que é que aconteceu nesse jogo e aquilo que disse ao grupo. Ninguém gosta de perder, mas, se calhar, essa derrota desse dia até veio a ser importante, porque nos fez acordar e, possivelmente, resultou no tal “clic”, que nos levou, depois, a ter sucesso.
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