Nuno Pauseiro, gerente da Comur, Conservas da Murtosa, confirma o alerta lançado este fim-de-semana pelos dirigentes da Associação dos Industriais das Conservas de Peixe: a redução de sardinha na costa marítima portuguesa tem dificultado o abastecimento das indústrias do sector. Também os armadores dos barcos de pesca aveirense garantem estar a sentir na pele os efeitos desta escassez de sardinha. Os barcos de pesca costeira têm chegado praticamente vazios, para desespero da tripulação que nem sempre consegue ganhar para a despesa.
O relato que é proferido pelo responsável pela Comur, principal indústria conserveira da região – e que produz entre 500 a 600 toneladas de conserva de sardinha por ano -, não deixa margem para dúvidas: “Estamos a sentir grandes dificuldades em comprar sardinha portuguesa”. Por norma, a empresa opta por “comprar aos armadores de Aveiro”, refere Nuno Pauseiro, mas, este ano, os gerentes da Comur estão a ser obrigados a “comprar sardinha de Espanha”.
Esta situação acarreta “maiores despesas, não só na aquisição da sardinha, mas também em termos de logística e transporte”, declara Nuno Pauseiro. Contudo, só desta forma é que a empresa aveirense consegue manter a sua produção normal de conservas de sardinha – que representa cerca de 70 por cento da produção total da Comur.
A escassez da sardinha parece estar a ser ainda mais dramática para os armadores e pescadores. “Temos em Aveiro cerca de uma dezena de barcos que vivem da pesca da sardinha”, alerta José Miguel Castro, vice-presidente da Associação de Pesca Artesanal da Região de Aveiro (APARA). “O que tem acontecido é que, muitas vezes, saem para o mar e mal chegam a ganhar para as despesas”, acrescenta.
Quer isto dizer que, “há mais de uma centena de pescadores em Aveiro a enfrentar dificuldades pela falta de sardinha”, especifica ainda este dirigente da associação de pesca aveirense. “A manter-se este cenário, não sei como vai ser”, realça José Miguel Castro, a propósito do cenário com que se debatem os homens do mar.
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