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21-04-2012

Emigrar sem documentos “é muito duro”



A vida de Joana Pato não tem sido fácil. Saiu de Horta, Anadia, com os pais, tinha 15 anos e desde então, vive na cidade de Newark, no estado de Nova Jersey, Estados Unidos da América.
A difícil situação económica em que se encontravam os pais praticamente “obrigou-os” a sair de Portugal. Já lá vão quase 10 anos, mas Joana Pato não esquece as dificuldades que sentiu de integração, principalmente a adaptação à língua. “Para se emigrar como os meus pais fizeram, sem saber a língua, e a começar tudo de novo, não é fácil. É preciso ter muita coragem e força de vencer”, reforça Joana Pato, que hoje trabalha num jornal luso-americano, em Newark (atendimento ao público). Os pais regressaram há quase três anos a Portugal e vivem com algumas dificuldades. Partiram para os Estados Unidos sem documentos e, como se isso não bastasse, o pai, trabalhador na construção civil, sofreu um acidente de trabalho que o deixaria inválido. Depois de oito operações, meses numa cadeira de rodas e muitas lágrimas, consegue agora deslocar-se com a ajuda de muletas.
“Não recomendo a ninguém vir para este país sem documentos, isso torna tudo muito mais complicado”, afiança Joana Pato, que diz estar grata aos pais pela oportunidade que lhe deram, sem esconder, no entanto, alguma mágoa. “Sem documentos, não pude aceitar as bolsas de estudo que me foram oferecidas. Com o acidente do meu pai, tive de começar a trabalhar aos 16 anos para ajudar a pagar as contas e, muitas vezes, dependemos da ajuda de pessoas desconhecidas.”
Hoje, Joana é uma mulher casada e, como cidadã americana, “torna-se muito mais fácil comunicar e até viajar à minha terra natal”, admite. Tenta vir à Bairrada pelo menos de dois em dois anos. Apesar de sentir saudades da nossa região e da beleza “inigualável” de Portugal, não tem dúvidas de que, no que respeita às condições económico-financeiras, “tudo se torna um pouco mais acessível” naquele país do outro lado do Atlântico. “Portugal é um país fantástico, muito mal governado, e com um povo pobre. É o país ideal para passar férias, mas não para viver no dia a dia, especialmente se só se ganha o salário mínimo”, considera esta jovem emigrante.
Morando em Newark, conhecida pela forte comunidade portuguesa, é natural que conviva com conterrâneos diariamente. E até “trabalho com bairradinos”.
Talvez um dia, quando se reformar, volte às origens. Mas para já, a sua vida é lá. A quem pensa em emigrar, deixa um conselho: “com muita coragem e já com documentos, sim. Porque emigrar indocumentado é muito duro e injusto.”
Oriana Pataco


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