Uma nova técnica de análise à qualidade dos alimentos desenvolvida na Universidade de Aveiro promete inovar o setor. Investigadores da Universidade de Aveiro desenvolveram um método inovador de avaliação do nível de contaminação microbiológica e química de alimentos sólidos que, quando comparado com os procedimentos usuais, é mais eficaz, rápido, simples e barato.
Se até agora dificilmente uma análise poderia dar resultados sobre o grau de contaminação de um produto alimentar em menos de três ou quatro dias, com todas as desvantagens que esse tempo de espera implica para a indústria alimentar, a sensibilidade do método proposto permite reduzir este tempo para alguns minutos.
O equipamento, desenvolvido integralmente na UA, permite que os alimentos sólidos, depois de cortados em pedaços, «sejam atravessados por um fluido sob pressão que serve de solvente e, em poucos segundos, extrai os microrganismos e os contaminantes químicos dos produtos que se quer analisar», explica a investigadora Sílvia Rocha, coordenadora do projeto. O tipo de fluido que o equipamento utiliza varia consoante os compostos químicos que se querem descobrir no alimento.
«No final do processo obtemos um líquido que, para além dos constituintes químicos do próprio alimento, contém os contaminantes biológicos e químicos. Esse líquido é depois analisado por métodos rápidos. Se o objetivo for quantificar o teor de microrganismos faz-se a análise por bioluminescência. Se for para contaminantes químicos faz-se, por exemplo, uma cromatografia», explica a Professora Sílvia Rocha que, para concretizar o projeto, juntou à sua volta uma equipa de bioquímicos, biólogos e de engenheiros mecânicos, todos investigadores da UA.
A docente do Departamento de Química, especialista na área da Bioquímica, salienta também a simplicidade do processo. «Contrariamente aos métodos de análise de alimentos dependentes de cultura em microbiologia, que necessitam de um laboratório microbiológico, este equipamento, para ser operado, não necessita desse espaço e muito menos de técnicos especializados». Assim, para além do equipamento de extração poder ser utilizado ao nível laboratorial, pode também ser facilmente colocado numa linha de produção de uma empresa durante e após o processamento do alimento. Produtores, distribuidores e armazenistas de produtos alimentares, hipermercados, e qualquer outro agente que comercialize alimentos podem facilmente e a custos reduzidos averiguar sobre a qualidade dos produtos.
O novo equipamento já está patenteado e promete alterar os procedimentos de análise à qualidade dos alimentos que são usados um pouco por todo o mundo. «Há outros equipamentos que atingem os mesmos resultados mas demoram muito mais tempo e os custos são mais elevados. Atualmente, qualquer método que demore vários dias a analisar os alimentos é um forte constrangimento», explica a investigadora.
Esta nova abordagem e o equipamento para a detecção de contaminantes químicos e biológicos nos alimentos sólidos desenvolvido na UA podem também no futuro ser aplicados a outros tipos de amostras e a muitos outros setores de atividade.
Texto: UA |