Paiva Nunes, ex-administrador da EDP Imobiliária, acusado de corrupção e participação económica em negócio, vai quebrar o silêncio a que se remeteu desde o inicio do julgamento do processo Face Oculta. É o próprio advogado, Castanheira Neves, a dar como certo o depoimento para esclarecer os alegados favorecimentos ao empresário Manuel Godinho, a quem foi indicado pelo amigo e ex-ministro do PS Armando Vara.
A transcrição das escutas que já eram conhecidas e que a seu tempo serão enquadradas e esclarecidas por testemunhas e provavelmente pelo engº Paiva Nunes. Não me posso pronunciar sobre a matéria dos autos, sobre os fatos em julgamento”.
Em causa, escutas telefónicas com conversas aparentemente comprometedoras entre o sucateiro de Ovar e o antigo administrador. Paiva Nunes terá beneficiado, a troco dos favorecimentos, através de informação privilegiada em concursos de resíduos, de um Mercedes SL500 que seria propriedade de Manuel Godinho.
Enquanto administrador da EDP Imobiliária, terá facilitado adjudicação de serviços na área dos resíduos, nomeadamente uma limpeza na Rua do Ouro, no Porto que valeu 700 mil euros à 02.
O tribunal retoma os trabalhos na próxima terça-feira. Nesse dia, o juiz-presidente deverá pronunciar-se sobre as nulidades apontadas por alguns advogados de defesa ao relatório da perícia aos fluxos bancários dos arguidos, por alegada falta de despacho da autoridade judicial.
O julgamento decorrerá a partir de agora três vezes por semana, menos uma do que tinha sido prática, dada a necessidade da juíza que esteve doente ainda fazer alguns tratamentos. |