Um gang constituído por quatro homens, um dos quais armado com uma pistola, roubou, na última sexta-feira, cerca das 7h, uma carrinha de tabaco no valor de mais de 40 mil euros e ainda 1500 euros em dinheiro, em Barrô. A abordagem foi feita no centro de Barrô e a transferência da mercadoria, 700 metros à frente, num descampado. As primeiras investigações apontam para um quarteto que está ligado a famílias de etnia cigana.
Sequestro. O condutor da carrinha de tabaco, sem se identificar por questões de segurança, contou que “foi tudo muito rápido. Tinha ido ao café Santo António saber as necessidades de tabaco e, quando estava de costas junto à carrinha, fui abordado por três indivíduos, encapuzados e de luvas pretas, que me apontaram à cabeça uma 6.35 mm”.
“Ainda pensei em reagir e dar dois murros no indivíduo, mas, logo de imediato, pensei na minha família e que um ato irrefletido podia correr mal. Por isso, decidi acatar as ordens”, contou.
A vítima do roubo acrescenta que os três indivíduos o sequestraram no interior da carrinha, especificando que “dois dos três homens ficaram comigo dentro da carrinha, enquanto que um terceiro ficou com as chaves”.
“De seguida, iniciámos uma pequena viagem de dois, três minutos. Senti a carrinha parar e uma outra a chegar. Depois foi tudo muito rápido. Os ladrões, com estaturas entre 1.70 e 1.80 metros, fizeram a transferência das caixas de tabaco para outra carrinha, levaram as chaves e deixaram-me lá dentro”.
Sem ter ganho para o susto, o condutor da carrinha, propriedade de uma empresa de Albergaria-a-Velha, diz, agora, recear pela vida, “uma vez que as rotinas continuam a ser as mesmas”. “Os indivíduos conheciam bem a minha rotina diária, já que o roubo foi planeado ao pormenor. Disso não duvido.”
Plano. A proprietária do Café Santo António, Isaltina Miranda, diz também não ter dúvidas de que “o assalto estava planeado e que os indivíduos conheciam bem a rotina do homem do tabaco”. “Todas as sextas-feiras, o tabaco é entregue logo pela manhã. A única exceção aconteceu na semana passada.”
Isaltina Miranda afirma que, regra geral, “a carrinha do tabaco fica estacionada em frente à capela, uma vez que fica localizada entre o meu café e a pastelaria, já que o fornecedor é o mesmo”.
Já um outro cliente, que não se quis identificar, diz ser mais do que óbvio que “o assalto estava preparado. Então se estavam três tipos a pé, e um outro numa carrinha, é porque estava tudo planeado”.
Enquanto que António Oliveira, desempregado, cliente habitual do café Santo António, desabafa que foi com alguma tristeza que perdeu os momentos iniciais do assalto. “Imagine que todos os dias sou o primeiro a chegar aqui. Logo hoje, tinha que chegar atrasado.”
A Polícia Judiciária está a investigar os contornos do roubo.
Pedro Fontes da Costa
pedro@jb.pt
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