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27-01-2011

VN Monsarros boicota presidenciais por causa da Extensão de Saúde



As urnas não abriram na freguesia de Vila Nova de Monsarros. A população foi impedida de exercer o seu direito de voto, no último domingo, porque as mesas eleitorais (duas secções) não se formaram. Dos elementos que as deveriam integrar, apenas estiveram presentes os dois presidentes das mesas.
Contudo, o dia foi pacífico e, apesar de algumas vozes discordantes, com alguns populares a protestarem contra o boicote, a maioria esteve solidária com o protesto, que tem como alvo a reforma na Saúde e o eventual encerramento da Extensão de Saúde local.
Neste momento, esta Extensão local funciona às quartas-feiras, do lado da manhã, com apenas uma médica. Contudo, a autarquia e a população temem que esta venha a encerrar definitivamente por falta de utentes, na medida em que a maioria dos populares já solicitou a transferência para o Centro de Saúde de Anadia, depois de a médica aqui colocada ter sido convidada para integrar a futura Unidade de Saúde Familiar de Anadia. Com receio de perder a médica de família, a maioria dos utentes “foi atrás” dela para Anadia.
“Lamentamos que ninguém informe com verdade, explicando aos utentes que eles não ficariam sem médico de família, se não acompanhassem a sua médica para Anadia”, diz o presidente da Junta de Freguesia, António Duarte, principal contestatário. “Já realizámos diversas reuniões, mas todos os envolvidos na alteração das medidas de prestação de serviços de Saúde têm feito orelhas moucas aos pedidos dos órgãos autárquicos”, avança.
Por isso, esta foi a única razão por que os 1719 eleitores não puderam votar no domingo, tendo as eleições decorrido na passada terça-feira, dia de fecho desta edição (no próximo número faremos eco desta votação).

Lutar contra o inevitável. Com apenas 271 utentes inscritos (a maioria emigrantes), o encerramento definitivo daquela Extensão de Saúde é quase certo. Por isso, António Duarte pede à população que volte a inscrever-se na Extensão de V.N. Monsarros, evitando o seu encerramento definitivo.
Assim, dizem-nos, “esta foi a forma de contestação encontrada pela freguesia para fazer ouvir o seu grito de revolta”. O objectivo, segundo António Duarte, é o de se fazerem ouvir contra uma decisão que consideram injusta, uma vez que a autarquia se disponibilizou, inclusive, para pagar 2h por semana a um médico.
Apesar de muitas pessoas terem passado pela secção de voto, foi-lhes entregue um esclarecimento relativo aos passos dados no sentido de evitar o fecho da Extensão de Saúde.
Foi o caso de Carlos Alberto Raposo, de V. N. Monsarros: “acho muito bem, porque uma população tão grande não pode ficar sem médico na Extensão de Saúde.” Também a esposa, Nazaré Silva Raposo não se importou de não poder votar: “deveria vir para cá um médico. É um grande erro fecharem esta Extensão de Saúde. Estou solidária com a Junta e com a Assembleia de Freguesia, que estão a defender os nossos interesses”.
Depois de passar pela Escola Básica de V.N. Monsarros, local onde decorrem os actos eleitorais, Maria Sónia Ferreira, de Monsarros, foi confrontada com a mesa de voto vazia. Mesmo assim, sem poder votar, disse estar solidária com a posição dos órgãos da freguesia. “Quando fomos chamados a escolher os representantes autárquicos, elegemos pessoas que achamos que melhor nos iam defender. Confiamos neles. Estou solidária com esta decisão, até porque votaremos num outro dia”. Também Celeste Rodrigues, de Monsarros, diz ter ficado decepcionada por não poder votar mas, ao mesmo tempo, diz ser necessário ser-se solidário: “se é para nosso bem e da terra, estou de acordo”.
Elias Fernandes, presidente de uma das mesas, explicou que “esta foi a forma de protesto justa e legítima pelo simples facto de estarmos bem servidos na área da Saúde e de irmos ficar mal”. “Ir para Anadia foi o primeiro passo para o encerramento da nossa Extensão de Saúde”, concluiu.
Também António Carvalho, presidente da Assembleia de Freguesia reconhece que esta é uma situação inédita na pacata freguesia de V.N de Monsarros e “corresponde a uma situação de desespero no que diz respeito à Saúde”.
“Estes processos deveriam ser mais e melhor ponderados e nós estamos a defender os direitos da população”, avança.

Catarina Cerca


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