Daniel Campelo ficou injustamente apelidado como o deputado do queijo limiano.
Em Fevereiro de 2000 fez uma greve de fome no Parlamento, lutando para que fosse devolvida ao concelho de Ponte de Lima (de que era presidente), a marca Queijo Limiano, depois duma multinacional ter adquirido a fábrica que produzia o queijo e transferir a produção para Vale de Cambra. A batalha legal prolongou-se nos tribunais até à semana passada, quando o Tribunal Administrativo e Fiscal do Porto deu razão à Câmara de Ponte de Lima e validando a luta de Daniel Campelo.
O mesmo deputado viabilizou depois em 2001 e 2002 os orçamentos de estado dos governos de Guterres em troca de variadas obras fundamentais para Distrito de Viana do Castelo. A comunicação social, precisando de uma imagem forte, chamou-lhe o deputado do queijo, associando a viabilização dos orçamentos à luta, dita quixotesca, com que o ridicularizaram no episódio que relembrei.
Mas Daniel Campelo tinha razão. Tanto na reclamação da marca do queijo para a sua terra como na viabilização do orçamento a troco de obras para o seu distrito. No primeiro caso, não calou uma injustiça e ganhou na justiça (mesmo passados 10 anos) e no segundo, relembrou à oposição que também deve negociar com o governo. Claro que na altura o PS precisava apenas de um deputado e levou à letra essa necessidade. Foi curiosamente Sócrates que fez a aproximação a Daniel Campelo garantindo a aprovação do orçamento e uma cisão (hoje sanada) no partido de Paulo Portas.
É estranho, que passados uns anos, Sócrates ache que negociar o orçamento é manter as suas posições de partida sem querer ouvir a oposição e que, ao contrário do que fez com Campelo, tentasse negociar, um orçamento muito mais complicado na praça pública. Parece que desejava promover o seu chumbo para puder fugir como fizeram Guterres e Durão Barroso quando se viram apertados.
Também é estranho que o Presidente da República não tenha demitido em tempo um governo que vem mentindo sistematicamente e tenha protelado esta crise até ao limite do impensável.
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