Certezas ainda não existem, mas no próximo ano lectivo há várias escolas, no concelho de Anadia, que podem não abrir portas para receber os alunos. Os eventuais encerramentos prendem-se com o processo de reorganização da rede escolar que o Governo tem em curso e que prevê, a nível nacional, o fecho de mais de 900 escolas básicas com menos de 21 alunos, abrangendo um universo de 15 mil crianças.
Este encerramento de escolas públicas do 1.º CEB não é consensual e as críticas são muitas (Associação Nacional de Municípios Portugueses, Sindicatos de Professores, Confederação Nacional das Associações de Pais e autarquias).
Relativamente ao concelho de Anadia, JB sabe que a autarquia se tem desdobrado em negociações com a DREC (Direcção Regional da Educação do Centro). Apesar dos esforços e embora várias questões tenham ficado sem resposta, o gabinete de Helena Libório, directora da DREC, apenas avançou a JB que “como é habitual, anualmente, a rede escolar do 1º. CEB do concelho de Anadia está a ser trabalhada, em articulação com a autarquia”. Uma resposta vazia mas que, analisando as orientações deixadas pelo Ministério da Educação, deixa antever várias mudanças.
Escolas que devem encerrar nos Agrupamentos de Vil. Bairro e Anadia. JB sabe que existem fortes possibilidades de encerramento de escolas com menos de 21 alunos no concelho. Assim, no Agrupamento de Escolas de Vilarinho do Bairro as alterações poderão afectar as escolas de Ancas (15 alunos), Pedralva (10 alunos) e uma das duas escolas de Amoreira da Gândara (Relvada – 19 alunos ou Chãozinho – 14). Quanto a Óis do Bairro (14 alunos) já considerada a sala de apoio de Tamengos, os alunos irão ser transferidos em definitivo para a EB1 de Tamengos (escola de acolhimento), tal como a Escola de Paredes do Bairro, que poderá vir a receber crianças de Ancas e Pedralva.
Quanto ao Agrupamento de Anadia que, no ano de 2007/08, viu encerrar as escolas de Canelas (7 alunos), Algeriz (6 alunos), Alpalhão (4 alunos) e Vale de Avim (6 alunos) e, em 2009/10, a escola da Candieira (6 alunos), deverá agora, com a abertura do primeiro pólo escolar de Anadia (em fase final de construção), ver encerradas as salas de Famalicão (11 alunos), Alféloas (31 alunos) e Póvoa do Pereiro (35 alunos). Todos estes alunos vão ocupar, juntamente com os de Anadia, o novo e moderno Centro Escolar de Anadia.
Depois, em Avelãs de Cima, as escolas da Cerca (10 alunos) e Pereiro (18 alunos), tal como as de Grada (11 alunos) e Monsarros (10 alunos) são hipóteses a encerrar, podendo os alunos ser deslocados para o Centro Escolar de Anadia ou para a EB de Vila Nova de Monsarros. Incerto é também o destino das Escolas de Boialvo (20 alunos) e de Ferreiros (17 alunos) uma vez que não existem alternativas.
Autarquia contra o encerramento. Rosa Tomás, vereadora da Educação da Câmara de Anadia diz que, apesar das negociações em curso, “a autarquia é veementemente contra qualquer encerramento que não tenha em conta uma alternativa melhor”, ou seja, uma situação que crie condições para transferir os alunos. De resto, Anadia apenas tem em construção um pólo escolar (Arcos/Anadia), estando os restantes oito previstos, apenas, no papel. A saber, os pólos de Ancas, Paredes do Bairro, Tamengos, Sangalhos, Vilarinho do Bairro, Monsarros, Moita e Avelãs de Cima.
Refira-se ainda que a Federação Nacional de Professores considera que o encerramento de escolas, decidido em Conselho de Ministros, vai provocar uma “forte quebra de qualidade do ensino”, mais desemprego e “grandes sacrifícios para os alunos”. Também o Sindicato dos Professores da Zona Centro (SPZCentro) diz que, “ao extinguir escolas com menos de 21 alunos e ao concentrar os mesmos bem como os docentes em mega agrupamentos, o ME despoleta uma diversidade de constrangimentos”. As deslocações de milhares de crianças “acarretam uma violência incomensurável, não só pelas horas que envolvem, como pelas condições em que ocorrem, cavando ainda mais a desigualdade entre os alunos no todo nacional”.
Catarina Cerca
|