Um recluso do Estabelecimento Prisional de Aveiro coseu os lábios com uma agulha perante a impossibilidade de ter advogado pago pelo Estado. Além de ter cosido os lábios entrou também em grave de fome. Uma situação entretanto resolvida com o apoio do médico do estabelecimento prisional (EPA). O capelão do EPA, Padre João Gonçalves, diz que é um caso que dá visibilidade à vida dos reclusos e que deve merecer a atenção da sociedade civil. "A sociedade tem de fazer um esforço muito grande, primeiro, para evitar que as pessoas vão para a cadeia e isso significa que as pessoas tem de dar as mãos, temos de estar atentos aqueles que vivem situações dramáticas, os que são marginalizados, os sem-abrigo que correm riscos de entrar na pequena criminalidade, a sociedade não se pode alhear destes problemas", adiantando que "os criminosos não nascem assim de qualquer maneira e a sociedade tem de estar atenta e esforçar-se para evitar situações de risco, porque a criminalidade não se evita pondo um policia em cada rua, todos nós temos de evitar que a criminalidade aconteça". "Quando se verifica o crime, naturalmente, tem de se aplicar a lei, estamos num Estado de direito, mas existem situações que poderiam ser evitadas", sublinhou. "O recluso que coseu os lábios foi assistido pelo médico do Estabelecimento Prisional, tendo dado o consentimento para lhe serem retirados os pontos. A situação de saúde deste recluso está assim ultrapassada", disse ao "Correio da Manhã" fonte da direcção da cadeia. |