José Manuel Henriques promete pedalar até Paris numa viagem solidária. Este cidadão ilhavense vai pedalar entre a Torre dos Clérigos, no Porto, e a Torre Eiffel, em Paris, numa distância de cerca de 1500 km, em regime de autonomia. A partida está agendada para sábado, às 10h30, numa viagem solitária que poderá demorar duas semanas. “O desafio está na dificuldade da viagem” admite este empresário de 38 anos de idade, que já em 2009 fez a ligação Lisboa-Casablanca, pedalando sozinho durante sete dias, percorrendo mais de mil quilómetros.

Para além do peso da bagagem, este aventureiro dos tempos modernos propõe-se a levar apenas cem euros na carteira, o que significa uma dificuldade acrescida, como o próprio reconhece: “Terei de improvisar em muitas situações, como por exemplo, cozinhar os meus próprios alimentos, mas estou certo que será um desafio interessante”.

Um dos objectivos da viagem Porto Paris, em bicicleta, do irmão do conhecido atleta do Casci Paulo Henriques, passa por alertar para a necessidade de “desmistificar o uso da bicicleta como meio de transporte e de lazer” que sublinha o sentido de solidariedade a que a Associação do Porto de Paralisia Cerebral está associada: “Existe uma meta de conseguirmos angariar, no mínimo, 1500 euros para a APPC, ou seja, um euro por cada quilómetro da viagem. É no fundo um gesto simples mas com um significado grande para pessoas cuja paralisia cerebral não permite uma locomoção fácil”.

Para Abílio Costa, presidente da APPC, esta iniciativa vem em boa altura e por várias razões: “Não só pela vertente financeira, que é extremamente importante para a nossa associação, mas e sobretudo pela sensibilização para as questões que afectam as pessoas com paralisia cerebral, pelo que esta ideia é simplesmente fabulosa” diz o presidente da APPC, que tem uma conta bancária aberta para receber os donativos que possam dessa forma chegar à associação e cuja informação já circula nas redes sociais e no site pedalar.net.

A viagem Porto-Paris coloca os Pirinéus como obstáculo mas José Manuel Henriques não se deixa intimidar pela alta montanha e explica que o segredo está na capacidade de resistência psicológica: “Sei por experiência, que por muito bem preparados fisicamente que possamos estar, a verdade é que é a capacidade mental que faz toda a diferença neste tipo de viagens” e acrescenta que “Pedalar sozinho durante dez a doze horas por dia, com trinta e cinco quilos de bagagem tem reflexos em todo o corpo e na mente e é incrível como o modo de sobrevivência permite-nos ultrapassar obstáculos que pensávamos intransponíveis”.