Sete escolas EB1 do Concelho de Santa Maria da Feira responderam ao repto lançado pela Câmara Municipal e aderiram a um projecto de apadrinhamento com escolas de Catió, na Guiné-Bissau, materializado com a troca de correspondência entre professores e alunos e recolha de material escolar. O projecto começou em Janeiro, com a realização de acções de formação sobre Educação para o Desenvolvimento nas sete escolas feirenses, onde alunos e professores tiveram a oportunidade de conhecer a realidade económica, social, cultural e educacional da Guiné-Bissau e especificamente de Catió, cidade geminada com Santa Maria da Feira. Depois de sensibilizados, alunos do terceiro ano e professores envolveram-se activamente na redacção das cartas. “Eu e a Escola” foi o tema mais escolhido pelos alunos. Impressionados com as condições escolares das crianças de Catió – turmas de 50 a 70 alunos, alimentação cingida a uma refeição por dia composta exclusivamente por arroz cozido, entre outras limitações – as crianças feirenses abordaram o interior e exterior das suas escolas, as disciplinas leccionadas, as aprendizagens preferidas, os jogos e as brincadeiras no recreio, o uso do computador Magalhães, as refeições variadas na cantina, as árvores plantadas no Dia da Árvore. Bem diferentes das actividades lúdicas ao ar livre dos meninos de Catió, do calor que se faz sentir na Guiné-Bissau e do abandono precoce do ensino naquele país são as confidências dos alunos feirenses, que abordam as actividades de fim-de-semana nos centros comerciais, o frio do Inverno e o início da idade activa. “As crianças são obrigadas a ir à escola e só podem trabalhar a partir dos 18 anos”, lê-se numa das cartas. As crianças feirenses manifestam ainda o grande desejo de visitar os meninos de Catió ou de acolhê-los em Santa Maria da Feira na época do Natal. Os professores feirenses também se envolveram neste projecto de apadrinhamento através da redacção de cartas, partilhando com os colegas guineenses as dificuldades, ensinamentos e sucessos escolares do dia-a-dia. A profissão é descrita pela professora Gilda Maia, da EB 1 de Sobral (Mozelos), como “a mais nobre das missões, que exige arte, perspicácia, atenção, cuidado, amor e compreensão”. Vera Rocha, da EB 1 do Cavaco (Feira), faz notar as dificuldades em “cativar a atenção e a motivação dos alunos na sala de aula”, recordando a importância da disciplina e motivação. Opinião partilhada por Marília Mendonça, da EB1 de Outeiro (Travanca), que acredita que “a imposição da disciplina na sala de aula, através do amor e da dedicação aos nossos alunos, é a chave para o sucesso escolar em geral”. Aderiram a este projecto de apadrinhamento as escolas EB 1 de Fonte Seca (São João de Ver), Outeiro (Travanca), Mosteirô (Canedo), Cavaco (Santa Maria da Feira), EB 1 de Sobral (Mozelos), Póvoa (Paços de Brandão) e Caldelas (Caldas de S. Jorge). As cartas de resposta a enviar pelas crianças de Catió são esperadas no mês de Abril, altura em que serão lidas e interpretadas pelos alunos das turmas que aderiram ao projecto. Para além da redacção das cartas, assumir o compromisso de apadrinhamento inclui ainda o exercício de cidadania activa, através da angariação de material escolar, que será enviado para as escolas de Catió pela Fundação Fé e Cooperação no final do mês de Março. |