No 3º ano das celebrações dos 400 anos da construção da Igreja de S. Bartolomeu de Veiros, concelho de Estarreja, a organização promove o desfile “A Alma de um Povo” que irá caracterizar a união das gentes de Veiros para a reconstrução da Igreja aquando do incêndio ocorrido em 1855. Este desfile está marcado para domingo, às 19h00, envolvendo duas centenas de participantes, e retratará a igreja, o património, a cultura, a paisagem e a tradição, mostrando um pouco daquilo que o povo de Veiros fez para angariar fundos para a recuperação do templo.
Ao povo marinhão, humilde e pobre, restava-lhe o auxílio monetário de terras vizinhas. Sendo esta zona de terrenos arenosos, propícios ao cultivo de cebola e como Veiros é uma zona encostada à Ria de Aveiro, as pessoas da época resistiram mesmo em tempo de crise, juntaram-se e venderam as réstias de cebolas e as esteiras, para assim angariar os fundos necessários.
As réstias de cebolas eram transportadas nos mercantéis ria acima, para serem vendidas nas feiras mais concorridas de terras vizinhas, como a feira de S. Miguel em Setembro. As esteiras seguiam para a indústria do mobiliário com a finalidade de proteger os móveis, já que as esteiras são feitas com o bunho, que é uma erva de grande porte e de grande predominância em terras húmidas.
Este trabalho quase ancestral era ainda realizado nesta freguesia na primeira metade do século XX e servia de sustento às famílias mais pobres. As crianças davam também o seu contributo, porque faziam a bracinha de Junco. Ao fim da tarde era vê-las rua fora “bracinhando”, fazendo uma espécie de fio que depois as mães usavam na realização das esteiras. O desfile irá revelar a alma de um povo, através da reprodução desses acontecimentos. |