DEMÊNCIA COMPARADA A UM LUSTRE DE CRISTAL

O auditório do Museu do Vinho Bairrada foi palco de uma sessão de esclarecimento sobre a doença de Alzheimer. Considerada uma das formas de demência mais comuns, no país existe uma associação que presta apoio às pessoas que sofrem da patologia e também às suas famílias, através de uma equipa multidisciplinar de profissionais. A Alzheimer Portugal esteve representada na iniciativa que decorreu no passado dia 27.

Considerando-a uma temática "importante", Jorge Sampaio, vereador da Câmara de Anadia, achou pertinente a realização da sessão de esclarecimento pois "numa altura em que nos preocupamos com o futuro, é bom que não esqueçamos o passado". O objectivo da iniciativa organizada pelo município e pelo Centro de Apoio Social de Vila Nova de Monsarros, prende-se com o querer dar "melhor e mais qualidade de vida" às pessoas que sofrem de Alzheimer. Através da Rede Social de Anadia "tentamos fazer um trabalho importante na área social" desde crianças a adultos.

Com o lema "Ajude-nos a ajudar", a Alzheimer Portugal encontra-se espalhada pelo país através de delegações, uma das quais em Aveiro, desde 1988. Pretende ajudar quem sofre e quem lida de perto com a doença, que ainda não tem cura.

A demência foi comparada a um "lustre de cristal em que as lâmpadas se vão fundindo". Ideia que ilustra uma das consequências da Alzheimer, a perda de memória. "É como se determinadas zonas do cérebro se fossem desligando". Neste seguimento, a capacidade de enfrentar as exigências da vida quotidiana, como ir ao pão ou tomar banho, diminuem. Conforme a enfermeira Suse Simões explicou, é uma doença que evolui lentamente, não havendo uma causa conhecida, mas que pode ser transmitida geneticamente.

Perda de memória grosseira, dificuldade em executar tarefas quotidianas, ou problemas de linguagem, são sinais de alerta a ter em conta. Tal como a desorientação no espaço e no tempo, a perda de objectos e a alteração de personalidade.

De forma a contornar alguns problemas que advém da doença, foram deixadas dicas para os cuidadores. Para estimular a memória é importante criar uma rotina, relembrar o doente sobre assuntos que questiona frequentemente como por exemplo o nome das pessoas, e é fundamental evitar chamar a sua atenção para os erros que comete.

Numa fase mais avançada, a pessoa acaba por "quase deixar de falar". Então, a parte comunicativa tem de ser "estimulada", referiu a enfermeira. Tendo muita paciência, tem de existir respeito pelo doente e um incentivo para se expressar, de forma a que não se sinta inútil.

Cuidador. Em simultâneo, o cuidador do doente tem de olhar por si também. Pois, "em vez de um doente poderemos vir a ter dois". É importante que não se desgaste a nível físico e emocional. Por vezes, a situação económica é afectada quando a pessoa se vê obrigada a ficar em casa para cuidar do doente. Estes factores podem levar o cuidador a ter de pedir ajuda. Para tal, existe o "apoio social" de forma a "prevenir o desgaste".

Coragem, paciência e muito amor foram os factores considerados como fundamentais para que a vida do doente com Alzheimer tenha mais qualidade.

Rita de Freitas Gomes

ana.rita@jb.pt
Diário de Aveiro



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