Três centenas de militares, descontentes com a extinção da Brigada de Trânsito(BT), reuniram-se ma semana passada, em Oiã, num jantar, que contou com a presença solidária do coronel Lourenço da Silva, antigo comandante da BT. Com a Lei Orgânica da GNR, a BT foi extinta no dia 1 de Janeiro e apenas 170 militares foram integrados na nova Unidade Nacional de Trânsito (UNT), concentrada em Lisboa e no Porto.
Os restantes 2000, com igual especialização, foram distribuídos pelos 18 comandos distritais, aguardando que seja apreciada pela Assembleia da República uma petição, que reuniu mais de 9.300 assinaturas, para serem integrados na Unidade Nacional de Trânsito.
Segundo o cabo-chefe José Moreira, um dos promotores do jantar, com a extinção da BT da GNR, reina a confusão e o trânsito é tratado em cada distrito à sua maneira. As operações em que havia mobilidade de militares especializados, de todo o país, deram lugar a acções em que são envolvidos colegas de áreas como a Escola Segura, ou da Protecção da Natureza, que não têm conhecimento específico ao nível rodoviário.
Comando. A falta de um comando único a nível nacional tem igualmente repercussões nos meios, havendo várias viaturas paradas por problemas logísticos, anteriormente resolvidos ao nível central, de forma expedita. "A extinção da Brigada de Trânsito foi um erro político e por isso apelamos aos políticos para corrigirem o erro", disse aos jornalistas.
Lourenço da Silva, que comandou a Brigada de Trânsito, justificou a sua presença no jantar como "afirmação de solidariedade para com as reivindicações de um número significativo de militares (que serviram sob as suas ordens), em consequência da situação que lhes foi criada".
"Na semana passada, registaram-se 11 mortos. Ontem (penúltimo domingo) havia uma fila para entrar em Lisboa de 60 quilómetros. Como se vê, alguma coisa não funciona, até porque há menos gente na estrada e não há menos acidentes, ao contrário do que fazem crer alguns malabarismos estatísticos", criticou.
Menos patrulhamento. Segundo Lourenço da Silva, a extinção da Brigada de Trânsito resultou em "menos patrulhamento, menos fiscalização e menos punição de infractores" e a dispersão pelos comandos distritais territoriais faz com que haja "ausência de doutrina, de comando e de espírito de corpo" na fiscalização do trânsito. "Quem foi especializado e teve cursos de actualização vê-se de repente desautorizado e espezinhado", disse, referindo-se aos 2.000 militares da extinta BT que agora estão ao serviço dos comandos distritais da GNR.