DIRECÇÃO CLÍNICA ACUSA GESTÃO DE ERROS GRAVES, COM PREJUÍZO PARA OS DOENTES |
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O Hospital da Misericórdia da Mealhada (HMM) abriu, na terça-feira, com apenas 20% do corpo clínico e funcionários técnicos de saúde. A direcção clínica anunciou, na segunda-feira à noite, a sua demissão em bloco, provocando um movimento de solidariedade por parte de diversos sectores. Em conjunto - direcção clínica, clínicos da Urgência, Urologia, Ortopedia, Anestesia, e directores técnicos da Medicina Física e Reabilitação e da Imagiologia -, representando cerca de 80% do corpo clínico, comunicaram que cessavam funções a partir da meia-noite de terça-feira. O director clínico demissionário, Luís Teixeira, entendeu tomar uma posição na sequência de uma gestão que classificou de "ruinosa", comportando "sucessivos erros administrativos que interferem na área clínica". "Situações de ingerência de pessoal não qualificado na área da saúde, incumprimento dos planos de manutenção dos equipamentos, blocos operatórios e sistemas de monitorização do hospital, sérias dúvidas na qualidade da água que circula nas torneiras, incumprimento do pagamento a fornecedores, desvio de dinheiros que deveriam ser usados na área da saúde para outras actividades" foram alguns dos factores "que encheram o copo", explicou Luís Teixeira. Copo este que transbordou depois de "alguém vindo do exterior e cinco meses ausente ter tecido comentários pouco abonatórios sobre a minha conduta pessoal e profissional", acrescentaria o director-adjunto, Adriano Rodrigues. Situações graves que, de acordo com o director demissionário, "eram conhecidas da Mesa da Provedoria da Misericórdia". Luís Teixeira acusou ainda a administração de "incompetência" e de existirem nesta área "demasiados laços familiares". Apesar da Mesa da Misericórdia não ter sido convidada para a conferência de imprensa, estavam presentes vários elementos, incluindo o Provedor. Parco em palavras, João Peres afirmou ter sido "apanhado de surpresa", mas garantiu não estar em causa o funcionamento do Hospital. "Não será assim tão dramático", frisou. O provedor da Misericórdia da Mealhada rejeita as críticas e diz nunca ter recebido qualquer queixa do corpo clínico do hospital. "Só os médicos é que podem avaliar o risco para os doentes, mas nunca nos foi comunicado isso", sublinhou o provedor, que lamentou ainda que os doentes tenham sido abandonados "de um minuto para o outro, não nos dando margem para nada". Oriana Pataco oriana@jb.pt Diário de Aveiro |
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