O último sucesso de audiências da televisão portuguesa é a entrevista do bastonário da ordem dos advogados, Dr. Marinho Pinto, à entrevistadora e pivot do Jornal Nacional da TVI, Manuela Moura Guedes (MMG). Uma entrevista que rapidamente se transformou num verdadeiro reality show à boa maneira das televisões pimba e meteu insultos, palavrões, acusações mútuas, mas sobretudo, muita, muita má educação. A festa mediática prolonga-se na internet até hoje com um sem número de comentários mais ou menos abonatórios das personagens.
O entrevistado tem o verbo fácil mas muito pouco senso. Atira em todas as direcções e culpa toda a gente desde os colegas aos juízes, do ministério público às polícias. Infelizmente de forma vaga e pouco precisa, não tendo a coragem de colocar os nomes aos tantos bois que vê por toda a parte. A entrevistadora usa uma técnica em que parece dirigir as entrevistas fazendo juízos de valor absolutamente desnecessários e julgamentos apressados como, aliás, foi acusada pelo próprio entrevistado e com alguma razão.
A favor do entrevistado fica, no entanto, aquilo que muitos portugueses acham que se devia dizer à MMG e a uma certa forma de fazer jornalismo e que ninguém é suficientemente desabrido para o fazer. Contra fica uma contestação centrada num discurso anti-poder, à boa maneira pós revolucionária, mas absolutamente inconsequente porque nem um processo coloca contra os tantos problemas que diz saber. Fica no ar uma evidente sensação de bluff.
Ambos prestaram um péssimo contributo ao esclarecimento das questões que inicialmente pensaram esclarecer. Ambos falaram por cima um do outro considerando assim que fariam melhor ouvir os seus pontos de vista. Ficou uma algazarra imensa, um barulho ensurdecedor mas, em contrapartida, um bom espectáculo de televisão pimba. Se fossem homens deveriam ter dado um murro e se mulheres puxado os cabelos. Teria sido mortal à boa maneira dum antigo director de TV.
http://trocaopasso.wordpress.com/2009/05/23/entrevista-completa-de-manuela-moura-guedes-a-marinho-pinto/
António Granjeia*
Director