A falta de valores e a crise foram os temas que estiveram na base dos discursos dos três líderes partidários na Assembleia Municipal, realizada no 25 de Abril.
Corrupção. Henrique Tomás, do PS, defendeu que "o mundo vive um período negro que vai deixar marcas profundas na humanidade". Disse ser necessário "erguer a economia mundial, promovendo e realçando os valores e princípios que respeitem escrupulosamente os direitos e deveres das pessoas". "Pensamos que todo este colapso económico e mundial começou com a intolerável ganância sem escrúpulos de alguns que, ocupando altos cargos de governação ou de instituições financeiras, decisivas da economia mundial, desenvolveram esquemas de actuação, cujo objectivo foi o fabuloso proveito próprio". "Realcemos - como diz Miguel Sousa Tavares - os casos dos banqueiros do BPP e do BPN, assumidos devotos, católicos e chefes de família, brilhantes no processo profissional e estatuto social e que, no entanto, utilizavam truques sujos para cobrar altos vencimentos ou chorudos prémios de promoção".
Poder local. Jorge Pato, líder da bancada do CDS/PP, recordou que o espírito de Abril tem de prevalecer no poder local. "A verdade, o acesso livre à informação e o respeito pela opinião dos opositores são valores que o poder local tem que interiorizar." "Mais do que por cravos vermelhos na lapela, importa manter estes valores na actividade diária e no relacionamento com a oposição. O que, infelizmente, nem sempre tem acontecido", refere Jorge Pato. A terminar, Jorge Pato deixou a sugestão de que, no próximo ano, "se encare esta comemoração de forma diferente. Que seja, acima de tudo, direccionada para os jovens". É que "se não for assim, estaremos aqui a perder tempo. Seremos um grupo de velhos, a fazermos discursos para nós próprios, mas que ninguém ouve. Porque não têm interesse para quase ninguém. Provavelmente, nem para nós".
Competência. Já Nuno Barata, líder da bancada do PSD, defendeu a importância da existência de "políticos sérios, gestores competentes, empresários empenhados, professores dedicados, empresas competitivas, bancos sólidos". Contudo, disse que "o problema é que queremos mais e melhor, mas sempre dos outros. Queremos imputar a responsabilidade aos outros, sempre a terceiros, mas os políticos, os empresários, os professores, os cidadãos somos nós". Nuno Barata afirmou ainda que "somos todos nós que temos de ser competentes, sérios, dedicados, actuantes e empenhados".
A terminar, Dias Cardoso, presidente da Assembleia Municipal, relembrou os progressos significativos que o 25 de Abril trouxe. No entanto, disse "ser importante "questionar a degradação dos costumes que estão na origem dos escândalos".
Pedro Fontes da Costa
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