ESPÍRITO DE GRUPO E UMA GRANDE COESÃO ENTRE OS 14 JOGADORES |
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Em dois anos de modalidade, os Atómicos conseguiram um feito inigualável na sua história. Uma subida de divisão do CNB2 ao CNB1 na época passada, tendo conseguido na presente época, com muito menos recursos humanos e financeiros em relação à temporada anterior, a manutenção no CNB1. Grande feito. Espírito de grupo e uma grande coesão entre os 14 jogadores que constituem o plantel, mais um treinador vindo da Liga Profissional, Miguel Faria, e que se adaptou muito bem à realidade do clube, foram alguns dos pontos chave para o sucesso, num clube que tem uma secção autónoma, com um orçamento de 15 mil euros, e que teve de ombrear com adversários com outras capacidades financeiras e que tinham nos seus plantéis jogadores estrangeiros. A secção de basquetebol dos Atómicos é gerida por quatro atletas: Alexandre Jesus, Hélder Gonçalves, Januário Ferreira e Jorge Faria. Alexandre Jesus foi o porta-voz da secção. Acumula as funções de director, tesoureiro e jogador, e sobre a época prestes a terminar, disse: "Depois do sucesso da época passada e da debandada dos principais jogadores e treinador que contribuíram para a subida de divisão, metemos mão à obra no sentido de criarmos uma equipa minimamente competitiva e sem qualquer tipo de apoio financeiro dado aos jogadores." Alexandre Jesus focou que o pólo entre Aveiro e Coimbra é complicado, sem equipas para competir, como não se esqueceu do potencial dos outros clubes, quer ao nível de jogadores quer de orçamento, daí adiantar que apesar das dificuldades encontradas, principalmente na obtenção de apoios, a formação do plantel foi complicada, os recursos limitados, "com a equipa que temos os Atómicos alcançaram um grande feito". O base, de 33 anos, não se esqueceu da derrota em casa na primeira fase contra o Olivais de Coimbra por 37 pontos de diferença, uma das equipas que apostou na subida e acabou por descer. A outra foi o Infante Montemor. "Formámos um plantel com um grande espírito de grupo, com jogadores da região, mais dois de Aveiro, cuja média de idades é de 28 anos, um treinador que foi incansável, que vinha habituado a outros níveis como ser adjunto do Ginásio. Foi uma mudança radical, mas que teve uma grande capacidade de motivar os atletas e de se adaptar à realidade do clube", sublinhou Alexandre Jesus. Apesar de contar com um grupo pequeno, que durante a época foi assolado por muitas lesões, os Atómicos conseguiram contrariar todas as expectativas e ganhar quatro jogos em casa e um fora, em Montemor-o-Velho. Com um orçamento de 15 mil euros, no decorrer da época, alguns jogadores tiveram que adiantar algumas verbas para fazer face às despesas. Uma delas, segundo Alexandre Jesus, foi com a arbitragem. Na época passada, os custos eram de 125 euros por mês, e na CNB1 passou para 500 euros/mês. "Não é fácil. Só quem gosta muito de basquetebol é que está aqui, não é fácil solicitar a atletas para treinarem quatro vezes por semana, que saem de casa e deixam a família para bater entre aspas umas bolas. Apenas damos o lanche aos jogadores no final dos jogos. O amor à camisola vai ter que voltar a muitos clubes." Alexandre Jesus deixou o seu agradecimento à Solarplus, o principal patrocinador da equipa, Quinta Mata do Fidalgo, Socértima, aos jogadores, treinador, aos fisioterapeutas Natércia Santiago e Nuno Rebelo, e à direcção dos Atómicos pelo apoio que tem dado à secção. Lamenta o facto de sentir que o basquetebol em Oliveira do Bairro não tem grandes apoios. "Divulgamos o nome da cidade desde Montemor-o-Velho a Valença do Minho, passando ainda pela Ilha da Madeira, mas ainda não conseguimos que as pessoas adiram ao basquetebol, apenas os nossos familiares", frisou Alexandre Jesus. Adaptação. Miguel Faria foi um dos obreiros da manutenção dos Atómicos no CNB1. Sobre o balanço, o treinador diria que "os objectivos competitivos definidos e acordados no seio do grupo eram o de conseguir a manutenção indo ao Play-off. Este segundo objectivo funcionou mais como um desafio ao grupo para que este fosse ambicioso, mas que não foi possível cumprir já que com o ajustamento do plantel de algumas equipas no final da 1.ª volta, estas criaram um fosso que não foi possível contrariar. Conseguimos a manutenção que era o objectivo fulcral para a época e para a afirmação do clube, o que penso ter sido excelente, atendendo ao desinvestimento financeiro que foi necessário fazer". Segundo o técnico bairradino, o segredo de todas as equipas passa sempre pela quantidade e pela qualidade do trabalho realizado por todos. "Procurámos pouco a pouco que os jogadores se adaptassem a uma divisão mais exigente, já que apenas 2 jogadores tinham experiência na CNB1 e, muitos deles, regressaram à actividade esta época. Para além disso, conseguimos ganhar os jogos que vieram a revelar-se decisivos para a classificação e em momentos fulcrais da época." Questionado se o projecto dos Atómicos tem viabilidade e se pretende continuar neste projecto, que terá a sua continuidade na próxima época, como nos garantiu Alexandre Jesus, Miguel Faria foi claro: "Um projecto que sobe de divisão num ano e se mantém no seguinte, ou seja, que cumpre em dois anos seguintes os seus objectivos tem que fazer tudo por ser viável. Só após conhecer o que o clube pretende para a sua equipa sénior é que pensarei em termos de futuro." Como já foi aflorado, o basquetebol ainda não tem expressão em Oliveira do Bairro. Miguel Faria não tem dúvidas que os Atómicos têm à sua frente pessoas que sabem o rumo a dar à modalidade. "Penso que a secção de basquetebol, formação e equipa sénior no seu conjunto, tem que ter uma postura ambiciosa de forma a mobilizar mais a cidade de Oliveira do Bairro e o concelho. Só assim haverá um aumento progressivo da qualidade das equipas de formação, no seguimento do aumento do número de praticantes e, consequentemente, uma afirmação mais sustentada do basquetebol." Manuel Zappa zappa@jb.pt Diário de Aveiro |
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