AMBULÂNCIA PERMANECEU TRÊS HORAS IMOBILIZADA COM O CADÁVER

Um cadáver permaneceu, na segunda-feira, ao início da tarde, mais de três horas - após a declaração de óbito - no interior de uma ambulância, em Mamodeiro, até que fosse dada ordem de remoção.

O comandante dos Bombeiros Voluntários de Oliveira do Bairro, António Gomes, fala de burocracias que põem em causa a prestação de socorro. "Não nos podemos dar ao luxo de termos uma ambulância, especializada em assistência médica hospitalar, parada na berma da estrada, mais de três horas, quando pode ser necessária para socorrer alguém".

Explica que a partir do momento em que o médico da Viatura Médica de Emergência e Reanimação passa o óbito, a ambulância tem que permanecer no local, até que seja dada ordem de remoção pelo Delegado de Saúde ou pelo Ministério Público. "Neste caso concreto, a muito custo, conseguimos resolver a situação com a polícia e com o certificado de óbito na mão".

António Gomes afirma que a situação, infelizmente, não é nova e cada vez mais coloca em causa, não só a prestação de socorro, mas também o voluntariado. "Temos que ter em conta que a tripulação de uma ambulância é, na sua generalidade, constituída por voluntários. Ora, são pessoas que aproveitam algumas horas livres para servirem os bombeiros e que não se podem dar ao luxo de telefonarem para o local de trabalho a dizerem que não vão trabalhar, porque estão retidas na ambulância por causa de um morto".

Acrescente-se que a ambulância parou naquele local, uma vez que a vítima (resultante de um acidente no Cercal - vide pág. 11) que transportava entrou em paragem cardíaca.

Pedro Fontes da Costa

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Diário de Aveiro



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