COMEÇAR, MANTER E ACABAR COM TODOS |
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Jogar por amor à camisola e transportar tudo isso num clima de verdadeiro ambiente hospitaleiro são alguns dos trunfos que mantêm bem viva a chama do Mamarrosa Futebol Clube, uma das grandes surpresas no início do campeonato da 3.ª Divisão da AFA. O clube que continua, pelo segundo ano consecutivo, a ser gerido por uma Comissão Administrativa composta por Carlos Rocha, Alfredo Gonçalves, Jorge Costa, Mário Barreiro e o estreante Jorge Oliveira, tem conseguido, também graças ao total apoio dos jogadores, criar uma autêntica família, uma mística muito peculiar. Os atletas, como nos disse Carlos Rocha, porta-voz da Comissão Administrativa, "apenas ganham a alimentação", com jantares no final dos treinos e jogos. E a continuidade dos dirigentes deve-se a tudo isto, mas também, segundo Carlos Rocha, "participar e fazer com que o futebol não acabe, visto ser a única actividade desportiva existente na Mamarrosa". Outra das ideias chave dos dirigentes "é começar, manter e acabar com todos", numa clara alusão que se todos mantiverem este espírito, o Mamarrosa continuará a ser uma referência no concelho de Oliveira do Bairro e do futebol distrital aveirense. Autarquia. No campo das infra-estruturas e dos apoios adjacentes, Carlos Rocha mencionou, vezes sem conta, o papel da Câmara Municipal de Oliveira do Bairro: "A exemplo do que aconteceu na época passada, a Câmara Municipal ajudou-nos na reparação e manutenção da iluminação. Uma palavra também para o apoio dos Bombeiros Voluntários, que participaram com uma viatura com carro/escada para a colocação dos holofotes, e à Junta de Freguesia da Mamarrosa na limpeza do campo de jogos." Ainda sobre a Câmara Municipal, há um protocolo assinado pelo pelouro do desporto no valor de 20 mil euros, para obras de melhoramento dos balneários. O orçamento é de 15 mil euros e clube conta com os apoios da Câmara Municipal, Junta de Freguesia da Mamarrosa, sócios, dois patrocínios, bilheteira, bar e com a ajuda dos jogadores. Carlos Rocha não esperava o excelente início de campeonato que o Mamarrosa está a realizar, e até deixou uma pergunta no ar: será que os clubes do Norte estão um bocado adormecidos? "O Mamarrosa votou contra o método adoptado da série única, onde os clubes do Norte tiveram um grande peso na decisão tomada. Desde a primeira hora, ficou a ideia de que a maioria desses clubes iria mostrar o seu poderio. De momento, pelos resultados verificados, isso não está a acontecer, o que significa que os clubes do Sul poderão ir longe no campeonato." Segundo aquele dirigente, o objectivo do Mamarrosa é apenas participar e arranjar meios de subsistência, nomeadamente na falta de meio de transporte para as deslocações mais longas. Neste particular, a Comissão Administrativa socorreu-se à Câmara Municipal e, quando for necessário, tem a garantia que terá transporte. Mérito aos jogadores. Jorge Silva pegou na equipa a meio da época passada e continua como treinador, depois de ter jogado na ADASMA (camadas jovens), Mamarrosa, Águas Boas, Couvelha e Paredes do Bairro. Sobre as perspectivas para mais uma época, disse: "Vamos até onde os adversários nos deixarem chegar. Poderia ter um plantel melhor. Falei com cinco jogadores, mostraram-se disponíveis, mas na hora da verdade preferiram outros clubes, ganhar dinheiro, o que não acontece no Mamarrosa. Desejo o melhor para eles." Jorge Silva não tem dúvidas que, com esses atletas, "o Mamarrosa era capaz de chegar mais longe", e não teme contar com um plantel curto para um campeonato tão longo: "Até ao momento os jogadores têm-se mostrado disponíveis e cumpridores da sua missão. E também não me posso esquecer de jogadores que, não fazendo parte do plantel, têm vindo aos treinos e ajudam o grupo a ser cada vez mais forte." O técnico do Mamarrosa confessou que não esperava este início de campeonato, ser líder à 2.ª jornada, mas ressalvou que "se a atitude demonstrada dentro do campo se mantiver, acredito que será possível fazer coisas bonitas. E o mérito será sempre dos jogadores. É este o meu lema, foi assim que aprendi." Manuel Zappazappa@jb.pt Diário de Aveiro |
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