UM SENTIMENTO DE JUSTIÇA ENVIESADA

Ainda há duas semanas escrevi sobre este tema e confesso que a justiça portuguesa continua a dar sintomas de estar muito doente e a precisar de reformas urgentes, senão mesmo, de passar uns tempos nos cuidados intensivos.

Os casos mediáticos sucedem-se e pelas piores razões, as trapalhadas são mais que muitas, desabam paredes de tribunais, acumulam-se papéis e processos nas secretárias, a que o sistema judicial não consegue dar vazão. A ajudar a este verdadeiro caos, os protagonistas engalfinham-se constantemente em guerras de palavras.

A recente sentença no julgamento do caso de Felgueiras produziu mais um sentimento de justiça enviesada que ninguém consegue entender.

Sempre estive convencido de que a Presidente da Câmara Municipal de Felgueiras não usou o esquema que dizem ter montado para benefício próprio mas, sobretudo, para poder financiar as campanhas políticas do seu partido. Esses factos são dados como provados no acórdão do tribunal e pelo menos em Abril de 1995, houve esquemas entre a Resin e a CMF para financiar as campanhas do partido socialista no concelho. Esse é o facto que importa julgar e punir, uma vez que, para além de imoral, a lei não o permite.

Fátima Felgueiras acha-se vencedora e diz mesmo: "não fui condenada, fui ilibada de uma condenação que durou 10 anos". Por acaso, não penso assim, nem acho que a maioria pense do mesmo modo. Não nos devemos esquecer que este processo demorou 10 anos como ela disse, mas muito do tempo foi porque andou foragida à justiça no Brasil. Não relevar esse facto na condenação parece-me obtuso. Quanto ao facto de poder perder o mandato é outra grande confusão. Afinal perde, mas não perde. É que vai recorrer, recorrer e recorrer e no entretanto, acaba este mandato e ainda se candidata e ganha novo termo autárquico.

Como disse um bem conhecido militante do mesmo partido: "é a vida".

O povo deveria dizer: "ESTAMOS FARTOS".
Diário de Aveiro



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