Dois cães, de raça podenga, morreram envenenados, na penúltima quinta-feira, à tarde, na Reserva de Caça Associativa nº 480, de Ventosa do Bairro, na Mealhada. Os animais pertenciam a Manuel Ramalho, caçador há mais de 30 anos, residente na localidade, que não se conforma com a sua sorte. É que esta é já a terceira vez, em apenas seis anos, que os seus cães são vítimas de envenenamento, durante um dia de caça. A JB, o caçador confessa que a única certeza que tem é que se tratou de "um acto cometido por mãos criminosas e insensíveis ao sofrimento causado aos pobres animais, que agonizam antes de morrer". A seu ver, só pessoas com inveja e maldosas têm coragem para cometer tal atrocidade. "Não imaginam ao que assisti, o sofrimento que foi. Ainda tentei salvar um dos cães mas não consegui, apesar de ter feito com que ele vomitasse as tripas envenenadas, que tinha ingerido", disse. Mais envenenamentos, no mesmo dia. Segundo apurámos, os casos de envenenamento sucedem-se. No mesmo dia, mas da parte da manhã, tinha ocorrido, no mesmo local, um outro envenenamento. Desta feita, as vítimas foram dois cães, também da raça Podenga, pertencente a Agostinho Batista, residente em Horta, no concelho de Anadia. O sexagenário, experiente na caça (pratica desde os 16 anos), detectou a tempo o sucedido, conseguindo salvar ambos os animais. "Como já tenho muita experiência nisto, fiz com que um vomitasse logo ali todas as tripas. O outro levei-o, de imediato, para uma clínica veterinária em Anadia", revelou, confessando já ter sofrido, ao longo dos últimos anos, a perda de vários animais, todos devido a envenenamentos durante a caça. "É sempre assim. Todos os anos me acontece isto. Acho que já perdi uma dezena de cães desta forma", revela, acrescentando que, a seu ver, estes actos são cometidos por "pura maldade e crueldade". Desta vez, diz que teve sorte porque ambos os animais se salvaram: "o que ficou pior esteve internado dois dias e duas noites. Gastei 142 euros na desintoxicação e ainda está a ser medicado". Consciente do sofrimento causado aos animais e da impossibilidade que existe em controlar ou pôr cobro a estas situações, alerta os colegas de caça para que se mantenham atentos e não percam de vista os cães, adiantando ainda que já no primeiro dia de caça, um caçador de Aguim teria sido vítima da mesma situação. Encontrado veneno. Três dias depois dos incidentes (domingo), José Manuel Martins, guarda há três anos na Reserva de Caça, durante uma batida à reserva, conseguiu encontrar tripas de coelho envenenadas. A JB, garantiu que esta terá sido a primeira vez, desde que é guarda na Reserva, que tal situação aconteceu. Contudo, apesar de ter encontrado parte das tripas causadoras do envenenamento dos animais, não foi feita qualquer participação à GNR. "Limitámo-nos a destruir as tripas que já cheiravam muito mal e estavam em putrefacção para que não houvesse mais vítimas", disse. De qualquer forma, uma coisa é certa, a partir de agora será obrigado a efectuar uma vigilância mais apertada, embora reconheça que seja o mesmo que procurar uma agulha num palheiro, alertando os caçadores para o problema e para que estes andem mais atentos a todas as movimentações dos seus animais. Apesar dos esforços, JB não conseguiu ouvir o presidente da Associativa de Ventosa do Bairro. Catarina Cerca catarina@jb.pt Diário de Aveiro |