O Ministério Público pediu , na última quinta-feira, no Tribunal Judicial de Oliveira do Bairro, a condenação, com pena de prisão, do ex-árbitro de futebol, residente em Vale de Cambra, de 60 anos, acusado da autoria material de um crime de homicídio qualificado, na forma tentada. O arguido, no dia 22 de Novembro de 2007, segundo o Ministério Público, terá actuado com o propósito de matar um bancário residente em Oliveira do Bairro, atingindo-o com uma faca numa zona do corpo onde sabia alojarem-se órgãos vitais. O Ministério Público mostrou-se convicto de que o ex-árbitro, chegado ao prédio onde o bancário reside, aproveitou o facto de duas moradoras estarem também a entrar e subiu ao 4º andar, escondendo-se no vão das escadas até que aquele chegasse. Ao longo da sessão, o arguido explicou que manteve uma discussão com o ex-bancário, envolvendo-se numa luta e que no meio da confusão é que a faca foi espetada. Argumentou ainda que se procurou defender de uma agressão do bancário. Versão não convence. O procurador do Ministério Público alegou que a versão do arguido não convenceu o tribunal e que este podia ter confessado os factos ou então ter preferido não prestar declarações, mas ficou a meio caminho entre a assumpção dos factos". O procurador referiu ainda que "um dos vizinhos deixou bem claro que não houve nenhuma discussão entre ambos, pois foi tudo muito rápido". Impossível ficou por determinar se a discussão teve início no interior do apartamento do bancário, uma vez que nenhum órgão policial fez diligências nesse sentido. Aliás, ficou também por determinar o motivo que levou as paredes a ficarem salpicadas com sangue, uma vez que as versões das testemunhas eram contraditórias com o que surge nas fotografias. Sem móbil. O advogado de defesa, Domingos Mota Vieira, disse discordar das conclusões a que o Ministério Público chegou, uma vez que "não foi revelado qual o móbil do crime e ainda a propriedade da faca, uma vez que uma testemunha - que manteve uma relação amorosa com a vítima - disse ter reconhecido a faca como pertença do bancário". "Se o meu cliente tinha interesse em matar, matava instantaneamente no silêncio dos deuses", afirmou Domingos Mota Vieira, que ainda tentou, sem sucesso, que o tribunal revogasse a aplicação da medida de coacção de vigilância electrónica. Frieza. Teresa Silva, advogada de acusação, afirmou não ter dúvidas da frieza do arguido e que "este não convenceu ninguém". "O arguido confessou que manteve uma luta com a vítima e que lhe deu uns valentes muros. O que lhe deu foram, sim, duas valentes facadas", reforçou a causídica. De resto, M. Lourdes, ex-comerciante, uma mulher que, embora em tempos distintos, terá mantido uma relação amorosa com ambos, disse já ter intentado um processo contra o bancário que "a terá deixado na ruína", negando que terá sido este o motivo que levou o arguido a tentar matar o bancário. Pedro Fontes da Costa pedro@jb.pt Diário de Aveiro |