O PROTOCOLO NÃO É CLARO

A assinatura do protocolo entre a Câmara Municipal de Anadia e o Ministério da Saúde, no âmbito da requalificação da Rede de Urgências, previsto para a próxima sexta-feira, pode estar em risco.

Tudo porque o autarca de Anadia entende que a última versão do protocolo, enviada na passada segunda-feira pelo Ministério da Saúde, tutelado pela ministra Ana Jorge, não é clara relativamente a um conjunto de cláusulas que considera determinantes.

"Após todos estes meses de diálogo com a Ministra esperava que alguns aspectos fossem clarificados o que não acontece neste protocolo", diz, reconhecendo que o documento proposto "da forma como está redigido não me dá garantias, nem diz nada".

Litério Marques, que fez uma leitura atenta do documento, pois considera que "é preciso ler nas entrelinhas", garante que só haverá assinatura, na próxima sexta-feira, "se for dada uma redacção equilibrada ao protocolo".

Em conferência de imprensa, o edil admite que o protocolo proposto por Ana Jorge é bem diferente do proposto pelo ex-ministro Correia de Campos - que determinava o encerramento/ a morte do Hospital de Anadia -, mas exige a interligação entre os cuidados de saúde prestados na Consulta Aberta e os serviços disponíveis no Hospital José Luciano de Castro.

"O protocolo não é claro neste aspecto e só assino o documento se isto estiver preto no branco".

"Se não ficar devidamente expressa a interligação entre o Centro de Saúde/Consulta Aberta e Hospital de Anadia/meios complementares de diagnóstico e internamento não assino coisa nenhuma", garantiu.

São então três os aspectos fulcrais que podem inviabilizar o acordo. O edil de Anadia quer saber, com clareza, a que meios complementares de diagnóstico disponíveis no Hospital de Anadia os doentes têm à disposição e em que horário.

Uma outra dúvida prende-se com o internamento e com o facto deste dever, segundo o documento, "ser acordado com o médico da Urgência interna".

Para o autarca este aspecto tem que ser muito bem explicado. "Como é que isto se vai processar?", questiona.

Litério Marques defende ainda que situações de urgência/emergência que ocorram durante o dia ou no período da 00h00 e as 8h, passem por Anadia antes de serem encaminhados para os Hospitais de referência (HUC e Aveiro).

Aspectos positivos. Contudo, reconhece aspectos positivos, tais como o facto do socorro e o transporte pré-hospitalar de doentes urgentes e emergentes ser reforçada, a partir da data da assinatura do protocolo, por uma ambulância INEM - Suporte Imediato de Vida (SIV), entre as 00h00 e as 8h. Todavia, a seu ver esta ambulância deveria permanecer, em Anadia, 24h e não apenas no período nocturno.

O protocolo avança ainda que a viabilização e a modernização do Hospital implicam que a sua missão se defina em torno da cirurgia do ambulatório, do internamento em Medicina, na Medicina Física e de Reabilitação, da Imagiologia, da integração na rede de cuidados continuados integrados, e de consultas de ambulatório para um número acrescido de especialidades.

Refira-se que, no final da última semana, quando foi tornado público que o protocolo entre a Câmara e o Ministério da Saúde iria ser assinado, José Paixão, líder do movimento de cidadãos "Unidos pela Saúde", considerou-o "o protocolo da traição", avançando que Litério jamais deveria assinar algo que mantenha tudo na mesma: "este protocolo nada altera, já que continua sem dar resposta à principal reivindicação da população - a manutenção, do serviço de Urgências Básicas, 24 horas".

Acrescente-se também que o executivo anadiense, em reunião de Câmara, a 14 do corrente, analisou o protocolo, que é praticamente igual ao apresentado pelo ex-ministro da Saúde Correia de Campos. Contactado por JB, o vereador Lino Pintado remeteu-se ao silêncio, alegando que só falará deste assunto após o mesmo ficar decidido em reunião de executivo.

Catarina Cerca

catarina@jb.pt
Diário de Aveiro



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