Com apenas uma abstenção , do presidente da Junta de Freguesia de Agadão, a Carta Educativa foi finalmente aprovada com maioria, na última Assembleia Municipal. No entanto, foram manifestadas muitas críticas ao decorrer do processo. António Farias dos Santos fez questão de referir que a sua abstenção "não é contra o executivo", mas que "nunca ia passar uma certidão de óbito à Escola de Agadão". "Fui eleito para defender a minha freguesia e não é com o meu voto que a escola vai fechar", referiu o autarca, que fez questão de lembrar que são 60 e tal mil contos" de investimento que vão passar a estar inutilizados. Para José Vidal, do PS, a Carta Educativa "trouxe à tona a "freguesiação". "Temos de uma vez por todas começar a pensar noutro ângulo, não podemos querer tudo em todo o lado", referiu o líder socialista. No entanto, as maiores críticas vieram mesmo do lado social-democrata. Segundo Hilário Santos, para um executivo que faz questão de assumir "a educação como uma prioridade", não é razoável que só agora, um ano depois de ser apresentada a primeira versão da Carta Educativa, o processo tenha um final. "Vamos ser dos últimos a nível nacional", referiu o deputado, sublinhando que o PSD opôs-se aos documentos antes apresentados, para que o concelho não tivesse de passar "a vergonha" de "serem chumbados" no ministério da Educação. Recorde-se que a Carta Educativa foi duas vezes chumbada pelo PSD. Hilário Santos referiu ainda, que graças "à persistência" dos sociais democratas, a Águeda, onde "estava consignado um só pólo educativo (e que o PSD sempre defendeu dois) haverá agora três pólos. A calendarização também mudou, foi prolongado o fecho das escolas da zona serrana". Mas quer o facto do "pólo Serra Sul não ser apresentado e considerado como os outros pólos", quer, por exemplo, em "relação a fluxo de alunos e a custos previstos", deixa o deputado, ainda assim, insatisfeito. Boicote político. António Martins, presidente da Comissão de Educação espera "que todos tenham aprendido com o processo, lembrando que daqui por meia dúzia de anos este documento já vai estar ultrapassado". Desta forma, o deputado popular reforçou que as alterações poderiam ser feitas em qualquer altura, sem prejuízo para o concelho, considerando que ninguém deve "boicotar" assuntos desta natureza "para conseguir visibilidade política". Também para Armando Ferreira, "Águeda ser uma das últimas sete cidades do país a aprovar a Carta Educativa" só aconteceu por "boicote político". Para o presidente da Câmara, o maior problema deste processo prendeu-se com o facto de no passado se ter prometido, "tudo a todos", acusando ainda o PSD de, nos dois anos que teve para fazer a Carta Educativa, não ter deixado "uma única linha escrita". Em resposta a Hilário Santos, Gil Nadais referiu também que "não há chumbos às cartas educativas, há apenas propostas para melhorar". A Carta Educativa, agora aprovada, prevê a criação de 13 pólos escolares no concelho, mais um, o chamado Pólo Serra Sul, que só daqui a três anos será analisado, caso ainda seja viável a sua construção. É o número de alunos que dará ou não viabilidade a este pólo. Salomé Castanheira scastanheira@jb.pt Diário de Aveiro |