Depois de, na época passada, a equipa de Juniores do Oliveira do Bairro ter "morrido na praia", após luta titânica com a Sanjoanense, esta época, numa luta a três, com Arouca e Lourosa, os jovens Falcões não desperdiçaram a oportunidade de subirem, 16 anos depois (época 91/92), ao nacional da 2ª Divisão. A subida não foi uma meta traçada no início da época. Isso foi interiorizado à 14ª jornada da primeira fase, a 15 de Dezembro, no jogo com o Águeda. "Tínhamos um sonho, uma equipa com carácter e crença e isto gerou uma força capaz de orientar as acções do grupo", referiu Vítor Rita, um dos treinadores da equipa. O grupo de trabalho acreditou na subida no jogo em Esmoriz. "Esse jogo foi o virar de página, pois vínhamos de um ciclo menos positivo e este jogo determinava se poderíamos continuar a sonhar ou não. Fomos uma equipa personalizada, ambiciosa e com carácter, princípios orientadores para quem persegue um determinado objectivo", sustentou Vítor Rita. Ao definir a sua missão, a mesma ganhou sentido porque foi alicerçada em fortes valores individuais e colectivos. Esse foi um trunfo, mas Vítor Rita deixou outros para o sucesso alcançado: "Trabalho em equipa. Planear, avaliar, seleccionar e organizar. Sem organização colectiva não há vitórias. Só consigo entender uma equipa como um todo. Espírito de equipa, a capacidade de superação, o espírito de conquista, sentido colectivo e um forte compromisso com o grupo. A unidade da equipa constrói-se nas diversidades de talentos, de opiniões e de formas de estar. O segredo passou por colocar tudo isto ao serviço do colectivo." Vítor Rita treinou todos os escalões de formação do OBSC e esta subida é topo da pirâmide do seu trabalho na formação. O treinador não esconde isso mesmo: "Estiveram envolvidas neste ciclo duas gerações que iniciaram o seu compromisso com o futebol comigo, que foi encerrado da melhor maneira. Para mim foi um orgulho e um grande factor de motivação poder contar com estas duas gerações. A eles se deve todo este sucesso." Definir metas. Ninguém esconde que a subida aos nacionais traz mais responsabilidades, sobretudo a nível de logística e área financeira. "Tudo o que seja para valorizar é sempre benéfico. Agora é preciso saber definir metas. E quem começa por definir metas sem a certeza que tem meios para as concretizar está no mau caminho ou no perigo da ilusão", frisou Vítor Rita, que deixou a dica: "É preciso avaliar as condições existentes, o processo de recrutamento e o planeamento, definindo metas adequadas à realidade do clube". Sobre as perspectivas para o Nacional da 2ª Divisão, Vítor Rita foi evasivo: "Só depois de avaliados os recursos é que se poderá ter uma noção exacta das reais possibilidades da equipa." Ciclo que se fecha. José Eduardo é outro dos treinadores. Há muitos anos ligado às camadas jovens do OBSC, não tem dúvidas de que o clube merecia um momento destes: "A subida é o corolário do trabalho desenvolvido nos últimos anos e reconhecido pubilicamente pelos nossos adversários. O clube merecia que uma das equipas de formação chegasse aos nacionais."
Segundo José Eduardo, esta subida "é um ciclo que terminou fruto do trabalho desenvolvido, não só desta época, mas também ao trabalho realizado por alguns treinadores destes jovens". O técnico dos jovens Falcões não esquece o passado recente: "Há 2/3 anos que a equipa de juniores esteve perto de conseguir o objectivo máximo, tendo mesmo morrido na praia na época passada", sendo de opinião que este grupo tinha legítimas aspirações para se sagrar campeão. Sobre os factores principais que contribuíram para o sucesso, José Eduardo diria, que para além da qualidade técnica do grupo, "foi o trabalho desenvolvido pela equipa técnica, sem esquecer o trabalho de bastidores e dos respectivos directores, que desde o primeiro treino até ao último, praticamente não faltaram a nenhum". António Augusto, coordenador da formação, não tem dúvidas de que a subida é o corolário do trabalho desenvolvido na formação nos últimos anos. "Esta subida é importante para o clube e para a região. Tudo isto é fruto do trabalho e da qualidade encetada no futebol 7 e que tem dado os seus frutos nos escalões seguintes". Para aquele dirigente, não fazia sentido um clube que aposta forte nos jovens na equipa sénior não ter uma equipa nos nacionais.Manuel Zappa zappa@jb.pt Diário de Aveiro |